Acção Social da Igreja pede ao governo «medidas necessárias para suprir situações de carência».
A Cáritas Portuguesa alerta para o drama crescente que os empresários de pequena e média dimensão enfrentam. “Ao tentarem garantir os postos de trabalho, não cumpriram as suas obrigações legais com as Finanças e a Segurança Social”. Estes trabalhadores, pelas dívidas contraídas com as entidades públicas, “deixam de ser elegíveis a possíveis apoios para novos projecto e, por outro lado, não dispõem da possibilidade de acesso ao subsídio de desemprego”.
A Comissão Permanente, reunida em Fátima este fim-de-semana, apela ao governo para que “tome as medidas necessárias e convenientes para suprir estas situações”, que não sendo mediatizadas, “visto não terem um relevante significado estatístico, contribuem decisivamente para as taxas de desemprego”.
Este serviço da Igreja Católica para a área social deteve-se na reflexão sobre a “evolução dos impactos da crise” na sociedade portuguesa, numa altura em que os “grupos sóciocaritativos registam um aumento nos atendimentos”. O estudo desta realidade vai permitir a concretização do Observatório Social.
A Cáritas pede que os dinamismos de acção social apostem na “assistência autêntica”, contrariando respostas de dependência. “A assistência não se conforma com medidas meramente assistencialistas” mas deve “construir dinâmicas de parceria com outras instituições e viabilizar processos de intervenção simplificados e transparentes.
Face ao crescente endividamento bancário, a Cáritas propõe a criação da figura do Mediador. “Poderão ser bancários, no activo ou aposentados, que, voluntariamente, se disponham a aconselhar as pessoas endividadas a encontrarem a melhor solução para a amortização das dívidas”.
A procura de refeições sociais tem sido crescente. A Cáritas Portuguesa apela às suas parceiras diocesanas que “criem vales para que as famílias possam adquirir bens alimentares”. Outro apelo é lançado às paróquias para que se organizem para “criar reservas de produtos alimentares para fazer face às carências das pessoas em situação de carência”.
Também aos proprietários de restaurantes é pedido que disponibilizem um número de refeições grátis “dentro das suas possibilidades e durante um período de tempo por eles determinado”.
“Aos dirigentes de instituições com cozinhas a funcionar que aceitem confeccionar mais algumas refeições, no caso de terem capacidade logística e financeira para o efeito”.
A Cáritas reitera a necessidade de mudança de hábitos de consumo, disponibilizando-se para “encetar acções de sensibilização e formação em ordem à aquisição de hábitos de poupança”. “Há que investir na mentalização dos portugueses, de todas as idades, de que é possível alcançar o bem-estar bem-estar pessoal e comunitário, dando prioridade à satisfação de necessidades e evitando o supérfluo”
A Comissão Permanente sublinha a “solidariedade para com todos que estão a sofrer devido à privação de bens”, mas não esquece os cerca de dois milhões que já se encontravam em situação de pobreza.
A Cáritas pede aos mais fragilizados que “não se resignem, mas enfrentem o futuro com esperança, assumindo ser, com o apoio das organizações públicas e privadas e dos seus mais próximos, protagonistas activos de novos projectos e modos de viver que possibilitem o assumir de compromissos dignos de cidadãos de pleno direito”.
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