«Um cristão tem de partilhar os seus bens para tornar verdadeira a sua fé», sublinha D. Carlos Azevedo
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, afirmou que a caridade tem sido o “parente pobre” dos três “grandes pilares” da vida cristã, que incluem a liturgia e a catequese.
Em entrevista ao programa ECCLESIA, o prelado defendeu que a generosidade pontual dos portugueses, muitas vezes associada ao “sentimentalismo” provocado pelas grandes catástrofes naturais, deve ser convertida numa atitude habitual.
[[v,d,1454,Entrevista a D. Carlos Azevedo]]Por outro lado, é “urgente” que os católicos comprometidos no apoio aos mais desfavorecidos tenham “uma visão política sobre a realidade do mundo”, nomeadamente no que se refere aos problemas na área do trabalho, desemprego e ecologia, acentuou o bispo auxiliar de Lisboa.
“Um cristão tem que partilhar os seus bens para tornar verdadeira a sua fé”, assinalou o responsável, acrescentando que os fiéis devem ganhar uma “dimensão cultural e espiritual que lhes permita resistir a um debate sobre o futuro do desenvolvimento”.
O Fundo Social Solidário, anunciado em Julho por D. Carlos Azevedo, é a mais recente iniciativa da Igreja Católica para responder a situações de emergência e avançar com verbas que possibilitem a criação de pequenos negócios.
A plataforma gestora do Fundo, que até hoje angariou 38.061,84 €, é composta pela Cáritas Portuguesa, Comissões Justiça e Paz diocesanas e das congregações religiosas, União das Misericórdias e Conferências de S. Vicente de Paulo.
O funcionamento conjunto destas entidades depende de um regulamento que está em estudo, mas sabe-se já que haverá reuniões periódicas para decidir sobre as propostas de auxílio enviadas pelas paróquias e dioceses, estruturas que estão mais próximas de quem precisa.
[[v,d,1455,Entrevista a D. Carlos Azevedo]]O prelado disse ter recebido telefonemas e e-mails de figuras da área empresarial, política e académica que se comprometeram a oferecer 20% dos seus rendimentos para o Fundo, mas salientou que cada pessoa pode doar o que entender, “segundo as suas possibilidades e consciência, e na discrição que é própria destes actos”.
O bispo auxiliar de Lisboa realçou que as verbas das instituições de apoio social da Igreja Católica estão a esgotar-se e advertiu que as dificuldades vão acentuar-se: “Temos que ser verdadeiros com a realidade: o desemprego vai aumentar. Não há nenhum Governo nem nenhum sistema europeu que nos vá livrar disso”.
Os donativos para o Fundo Social Solidário podem ser feitos em qualquer Multibanco através da inserção consecutiva do número 2 nos campos destinados à entidade e referência, digitando-se seguidamente o montante a oferecer.