Cardeal Tauran em viagem ao Japão

Presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso renovou diálogo com confissões não-cristãs

O Cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, esteve no Japão durante cinco dias, para encontros com responsáveis políticos e religiosos, tendo ainda homenageado as vítimas do bombardeamento atómico, em Hiroshima.

A 2 de Agosto, o Cardeal Jean-Louis Tauran participou numa série de encontros com a Igreja local e representantes das principais religiões do país, reafirmando que o seu departamento, além de reconhecer a mesma dignidade a todas as expressões de fé, pretende entrar em diálogo com elas.

Durante a reunião, o Cardeal francês foi acompanhado pelo núncio apostólico no Japão, arcebispo Alberto Bottari de Castello, pelos arcebispos de Tóquio e Nagasaki, respectivamente Peter Takeo Okada e Joseph Mitsuaki Takami, bem como pelo subsecretário do Conselho Pontifício, Andrew Vissanu Thanya-anan.

A visita às comunidades religiosas do Japão enquadra-se na atenção renovada que aquele organismo do Vaticano pretende dedicar à espiritualidade asiática. No dia 3 de Agosto, D. Jean-Louis Tauran encontrou-se com os representantes do xintoísmo, budismo e islão, “num clima de grande cordialidade”.

“Todos concordaram – acrescentou o Cardeal – em reconhecer à Igreja Católica um papel de primeiro plano na promoção do diálogo.” Para Novembro, está marcada uma visita às comunidades da Indonésia.

A reunião com a comissão para o diálogo da Conferência Episcopal nipónica decorreu a 4 de Agosto. Durante a sessão foram lançadas as orientações para uma jornada nacional de oração, tendo sido feito o ponto da situação sobre os materiais que deverão ser distribuídos em todas as paróquias do país.

Na parte da tarde, D. Tauran tomou parte, como convidado de honra, no encontro anual de oração internacional pela paz, que se realizou no monte Hiei, em Quioto, evocando a experiência análoga de Assis, promovida por João Paulo II.

O presidente do Conselho Pontifício foi portador de uma mensagem de Bento XVI, assinada pelo secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone. No discurso que acompanhou a entrega da mensagem, propôs os quatro pilares sobre os quais se funda a paz, de acordo com a formulação feita pelo Beato João XIII na encíclica «Pacem in terris»: verdade, caridade, justiça e liberdade.

Particularmente significativo para D. Tauran foi o encontro, a 5 de Agosto, com a nova religião budista Tenrikjo, cujos representantes têm colaborado, há alguns anos, com o Conselho Pontifício. Seguidamente, participou na missa celebrada na catedral de Hiroshima, em memória das vítimas do bombardeamento atómico, ocorrido há 64 anos.

Nas cerimónias que decorreram em Hiroshima a 6 de Agosto, aniversário do lançamento da primeira bomba atómica, estiveram representados 60 países. D. Tauran depôs uma coroa de flores no memorial às vítimas, em nome do Vaticano.

Durante o fim-de-semana, o responsável pelo diálogo inter-religioso deslocou-se a Nagasaki, que também experimentou a devastação da bomba atómica, onde permaneceu até esta Segunda-feira. A cidade é considerada a “Roma do Oriente”, devido à história da comunidade católica, que se edificou sobre o sangue de muitos mártires. “Uma cidade – afirmou – que não se compreende sem estes mártires católicos. Vi o museu dirigido pelos padres jesuítas: de um lado, a crueldade dos perseguidores; do outro, a fé admirável”.

Ao fazer um primeiro balanço da viagem, D. Tauran reafirmou a importância do contacto com a Igreja local e a sua acção pastoral e cultural.

“Todos os nossos interlocutores reconheceram o longo alcance da visão de João Paulo II, na promoção do diálogo entre as religiões e no espírito de Assis; por outro lado, estão também reconhecidos a Bento XVI, que fez do diálogo entre as culturas e as religiões uma das prioridades do seu pontificado”, referiu ao jornal do Vaticano, «L’Osservatore Romano».

O Cardeal destacou igualmente o relevo cada vez mais acrescido que a religião ocupa no debate público japonês, país que é actualmente dirigido por um primeiro-ministro católico, Taro Aso. Os não-cristãos reconhecem à Igreja Católica o mérito pelo interesse crescente que o diálogo entre as religiões tem suscitado em todos os níveis da sociedade; “e isso é muito importante”, concluiu.

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Agência ECCLESIA

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