O Cardeal português D. José Saraiva Martins está na Albânia para homenagear os mártires cristãos desse país, seja os da antiga comunidade cristã, seja os da recente ditadura comunista. A sua presença nasce de um convite da conferência episcopal albanesa. Na sua passagem pela Albânia, o prefeito da Congregação para a Causa dos Santos vai hoje presidir à solene consagração da igreja paroquial de Blinisht, dedicada aos Santos Mártires Albaneses: S. Danakto e S. Astio vescovo di Durazzo, perseguidos no tempo do Imperador Trajano. Nesta ocasião serão ainda recordados os mártires mais recentes do país, em particular os 40 que foram assassinados há 60 anos, durante a ditadura comunista, cuja causa de beatificação já se iniciou. A Albânia viveu durante cerca 50 anos num regime de ditadura comunista. Neste mesmo país a Igreja está presente há pouco mais de 10 anos, e por isso, como contou recentemente à Agência ECCLESIA o Pe, Giovanni Peragine, “os religiosos hoje ressentem-se desta história”. Há cerca de oito anos na Albânia, como missionário dos Padres Barnabitas, este sacerdote é testemunha das dificuldades “que a Igreja enfrenta para construir comunidades cristãs, tendo em conta que a maioria dos albaneses são muçulmanos e de tradição muçulmana”, lembrou. “Durante muito tempo celebrámos missa na rua, nas escolas onde era autorizado, ou junto ao rio”, relatou ao enumerar algumas das dificuldades que encontrou naquele país. Nos primeiros anos, a Igreja na Albânia contribuiu para a construção de igrejas porque, salientou, “quando chegámos eram poucas as igrejas em pé. O regime tinha destruído as igrejas, e cada forma de religiosidade. Permaneciam apenas os sacerdotes mais velhos que tinham superado as perseguições do regime”, disse. Mas a maior dificuldade, diz, é a de “trazer para fora este povo dos 50 anos de ditadura”. Hoje a Igreja daquele país da Europa de Leste “está a crescer com todas as dificuldades sociais, económicas e culturais ao acordar de tantos anos de comunismo”, concluiu. A Albânia tem cerca de 3,7 milhões de habitantes: os católicos representam aproximadamente 13% da população, os ortodoxos 20% e os muçulmanos mais de 65%. 123 paróquias atendem, em 7 dioceses, os pouco menos de meio milhão de católicos.