Portugal perde «eleitor» no colégio cardinalício, algo que o prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos considera secundário
Cidade do Vaticano, 05 jan 2012 (Ecclesia) – O cardeal português D. José Saraiva Martins celebra esta sexta-feira o seu 80.º aniversário natalício, um dia que considera de “festa” e “alegria” pela vida “ao serviço da Igreja, da Santa Sé”, como referiu hoje à Agência ECCLESIA.
A data significa, de acordo com o Direito Canónico, que o prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos vai deixar de ser ‘eleitor’ num eventual conclave para eleição de um novo Papa.
Para D. José Saraiva Martins, esse não é um dado que interfira com a sua atividade quotidiana, enquanto membro de vários organismos da Cúria Romana, considerando mesmo que se trata de algo “secundário”.
“Há tanta coisa a fazer aqui em Roma, de maneira que não muda muito, não muda praticamente nada”, observa, admitindo que a Igreja possa “mudar a sua praxis” relativamente à limitação de idade para os cardeais que podem eleger um Papa, por não ser “nenhum dogma”.
O cardeal português é um dos seis cardeais-bispos (a que se juntam, num grau hierárquico inferior, os patriarcas das Igrejas católicas de rito oriental), os únicos que elegem e podem ser eleitos para o cargo de decano do Colégio Cardinalício, sendo responsáveis pelas igrejas que São Pedro fundou à volta da cidade de Roma (chamadas ‘suburbicárias’), no século I.
“É um sinal de bondade do Papa, porque a nomeação de um cardeal-bispo é uma coisa totalmente reservada, é ele que os nomeia”, diz D. José Saraiva Martins, a quem foi atribuída a sede suburbicária de Palestrina, em 2009, por Bento XVI.
D. José Saraiva Martins desempenha cargos na Cúria Romana como membro das Congregações para os Bispos e para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, bem como do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, o Conselho Especial para a Europa da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos e a Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano.
“A minha vida vai continuar a ser muito dinâmica, como até agora, ao serviço da Igreja”, assinala o cardeal, que diz manter o “entusiasmo” para esta missão.
[[v,d,50,Biografia do cardeal José Saraiva Martins]]D. José Saraiva Martins é natural de Gagos do Jarmelo (Guarda), onde nasceu em 6 de janeiro de 1932.
Depois de terminar os estudos liceais, partiu para Roma e aí reside desde os 17 anos de idade, tendo feito doutoramentos em Teologia na Universidade de São Tomás e de Filosofia na Universidade Pontifícia Urbaniana, como membro da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, na qual foi ordenado padre a 16 de março de 1957, em Roma.
De 1977 a 1983 foi reitor da Universidade Urbaniana, cargo que voltaria a desempenhar entre 1986 e 1988, ano em que foi nomeado secretário da Congregação da Educação Cristã e ordenado bispo.
D. José Saraiva Martins foi criado cardeal em 2001, por João Paulo II, o mesmo Papa que o tinha nomeado como prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, a 30 de maio de 1998, um cargo que desempenhou até 9 de julho de 2008.
Questionado sobre a possibilidade de Bento XVI nomear um novo cardeal português que se juntaria a D. José Policarpo, patriarca de Lisboa, face ao lugar de ‘eleitor’ que fica em aberto desde sexta-feira, o cardeal Saraiva Martins sublinha que essa decisão “depende unicamente do Papa”, mas admite que “tudo é possível”.
OC