Cardeal Saraiva Martins: casamento homossexual «não providencia educação normal a crianças»

Cardeal emérito da Congregação para a Causa dos Santos afirma que direitos civos «dependem do Estado», mas «homossexualidade não é normal» O Cardeal D. José Saraiva Martins afirmou que o casamento entre homossexuais não providencia uma educação normal a crianças a quem falta um pai e uma mãe. O Cardeal emérito da Congregação da Causa dos Santos afirmou esta Terça-feira, durante a tertúlia «125 minutos com Fátima Campos Ferreira», no Casino da Figueira da Foz que “quando se juntam dois homossexuais, eles ou elas, se há crianças, evidentemente, aquela união, aquele casamento, não pode providenciar a formação das crianças”, argumentou. O Cardeal Saraiva Martins, uma criança para ser formada normalmente “precisa de um pai e de uma mãe. E não de dois pais ou de duas mães” e argumentou que o pai e a mãe “são diferentes, têm diferentes qualidades, completam-se mutuamente de uma maneira maravilhosa”. Momentos antes, o D. José Saraiva Martins considerou que a homossexualidade “não é normal” e apoiou-se na Bíblia para explicar que “quando Deus criou o ser humano, criou o homem e a mulher. É o texto literal da Bíblia, portanto esse é o princípio sempre professado pela igreja”. Sobre os direitos civis subjacentes ao casamento entre homossexuais, o Cardeal português no Vaticano há mais de 50 anos, referiu que esta é uma questão não tem de ser colocada à Igreja. “Quando se fala de direitos civis não tem de se interrogar a Igreja, tem de se interrogar o Estado. Quem elabora as leis do Estado não é a Igreja, seria uma intromissão, evidentemente”. No entanto, não escondeu que uma situação “ideal” comporta uma colaboração sincera entre a Igreja e o Estado “na formulação de certas leis”, como a do casamento entre pessoas do mesmo sexo. D. José Saraiva Martins afirmou que nestes casos, “neste sector em concreto, é absolutamente necessária uma colaboração sincera, autêntica e eficaz entre o Estado e a Igreja”, em que ambos expressem o seu pensamento. E sugeriu que se pode chegar a acordo “cedendo um bocadinho dos dois lados. Não é opondo-se, é colaborando, é o diálogo”, acrescentou. Diálogo entre muçulmanos e católicos O cardeal D. José Saraiva Martins considerou “inevitável, urgente e mais fácil o diálogo com muçulmanos moderados, em contraste com os fundamentalistas, cujo entendimento com a Igreja católica é difícil”. O Cardeal afirmou ser “inevitável porque encontramo-los no nosso caminho. Eu encontro muçulmanos na rua, talvez no meu bairro, na fábrica, na universidade, não podemos ignorar esta realidade”. Já com os muçulmanos fundamentalistas o Cardeal Saraiva Martins frisou que o diálogo “é muito mais difícil”. Na base da dificuldade no entendimento com os muçulmanos fundamentalistas está a “concepção teocrática” da sociedade que aqueles possuem, argumentou. “Eles concebem uma sociedade em que a religião é inseparável da política e a política da religião”, sustentou, afirmando que não existe espaço para a laicidade. “Nesta concepção muçulmana da sociedade é muito fácil que a política instrumentalize a religião e a religião instrumentalize a política. É evidente que o diálogo é muito mais difícil, mas devemos distinguir os dois tipos de muçulmanos”, avisou. Apesar de considerar que o diálogo com os muçulmanos “naturalmente tem os seus perigos”, defendeu que seja feito de forma séria, sincera e autêntica, “sem ignorar as dificuldades que existem”, sublinhou, aludindo, nomeadamente os “problemas” ao nível dos matrimónios mistos. Ao abordar a questão do casamento entre mulheres católicas e muçulmanos, D. José Saraiva Martins aconselhou às jovens “muita cautela e prudência”, manifestando-se “totalmente de acordo” com idêntico aviso feito há um mês pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, no mesmo palco. O Cardeal D. José Saraiva Martins sublinha o conselho de “muita cautela e prudência” às mulheres católicas que pensem casar com muçulmanos, manifestando-se “totalmente de acordo” com idêntico aviso feito pelo Cardeal Patriarca de Lisboa. O Cardeal emérito manifestou que “os problemas existem” e dizem respeito, por um lado, à profissão da fé da parte católica e, por outro, ao tipo de educação a dar aos próprios filhos. “É absolutamente necessário que antes de uma senhora casar com um muçulmano, tenha a certeza de que vai poder continuar depois do matrimónio a professar a sua fé cristã”. “Tenha a certeza de que vai poder decidir o tipo de educação a dar aos próprios filhos”, acrescentou, defendendo que as mulheres “não casem com muçulmanos” enquanto não tiverem essas certezas. Esta não é uma questão exclusiva de Portugal. Sendo um “problema geral” dos católicos “em qualquer parte do Mundo”. O Cardeal Saraiva Martins defendeu ainda que uma mulher católica que contraia matrimónio com um muçulmano “não deve ser abandonada pelos membros da comunidade eclesial” a que pertence. “Ela continua a ser membro da igreja e precisa, mais do que nunca, da assistência dos seus irmãos na fé. Mais do que nunca vai precisar de ajuda, de gente que a aconselhe e ilumine”, frisou. O Casino da Figueira da Foz promove até Dezembro de 2009, uma tertúlia mensal, orientada pela jornalista Fátima Campos Ferreira. Uma Terça-feira por mês, a jornalista recebe um convidado para falar sobre assuntos diversos. Redacção/Lusa

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