D. José Policarpo abre trabalhos da assembleia plenária dos bispos falando em momento «difícil» para o país
Fátima, Santarém, 07 nov 2011 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou hoje em Fátima que a atual crise económica no país “pode pôr em questão níveis de vida conseguidos” e agravar “a exigência da austeridade”.
Na abertura dos trabalhos da 178ª assembleia plenária do episcopado católico, que decorre até quinta-feira, D. José Policarpo admitiu que “este agravamento pode, porventura, ser o resultado das medidas adotadas para vencer a presente crise”.
Este responsável apelou ainda à “equidade, nos sacrifícios que se pedem, nos contributos que se esperam de cada pessoa ou de cada grupo social”.
“Pode acontecer que se peçam sacrifícios que acabem por prejudicar o bem coletivo”, advertiu.
O patriarca de Lisboa disse que a sociedade portuguesa está a “atravessar um período difícil” que traz exigências “para todos” e pode agravar “a situação dos mais desfavorecidos”.
“A todos os portugueses, de modo particular aos nossos irmãos para quem este período vai ser mais duro e exigente, dirigimos uma palavra de muito amor. Os mais pobres e os que sofrem serão sempre os nossos aliados privilegiados”, referiu, em nome dos bispos.
“A Igreja fará por vós e convosco, tudo o que puder. Queremos ser, para todos, porta de acolhimento e lugar da partilha”, acrescentou D. José Policarpo.
O presidente da CEP disse que não compete ao episcopado católico “apresentar soluções ou criticar as soluções apresentadas por quem tem a missão democrática de o fazer”, mas “proclamar valores fundamentais”.
Entre estes, o cardeal-patriarca apelou em particular à “verdade”, “no concreto das situações”.
“Que ninguém atraiçoe a verdade, que ninguém se sirva do sofrimento coletivo para impor as suas verdades”, alertou.
Mais à frente, D. José Policarpo pediu “solidariedade”, considerando que “esta exige que cada um dê prioridade aos outros, aceite que faz parte da solução coletiva”.
“A solidariedade denuncia todas as atitudes individualistas, quer de indivíduos, quer de grupos ou classes. A sociedade é um todo, deve ser comunidade e buscar o bem comum, não apenas o bem individual e particular”, precisou.
Neste contexto, o presidente da CEP observou que “ninguém, pessoas, grupos e instituições, está isento de procurar perceber qual é o seu contributo para a solução das dificuldades”, criticando os que “teimam em pedir tudo ao Estado”.
O cardeal-patriarca dirigiu-se explicitamente a “políticos, governantes, empresários, dirigentes das associações de trabalhadores”, referindo que “só os que servem merecem as honras da glória e do triunfo”.
D. José Policarpo aludiu ainda às questões que vão ocupar os bispos durante os próximos dias, como “encontrar caminhos de pastoral para a renovação da Igreja em Portugal” e a redefinição das Comissões Episcopais.
A CEP é a entidade representativa da Igreja Católica em Portugal e uma das conferências mais antigas, atuando regularmente como tal desde os anos 30 do século passado, embora só em 1967 tivesse os primeiros estatutos.
Depois do encerramento da assembleia tem lugar, às 14h30 de quinta-feira, uma conferência de imprensa na qual será apresentado o comunicado final da reunião do episcopado católico.
OC