Cardeal Patriarca de Lisboa afirma bom relacionamento entre Igreja e Estado

Mas sublinha que ausência de conflitos não significa identificação com critérios governamentais

D. José Policarpo afirma que a Igreja não quer conflitos com os governos, “sejam eles quais forem” mas sublinha que a não conflitualidade não corresponde a uma identificação com os critérios governamentais.

O Cardeal Patriarca de Lisboa reagia, numa entrevista à Ecclesia, às declarações do ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, que davam conta de um “bom relacionamento entre o Estado e a Igreja”.

“Nós não queremos, eu pessoalmente e a Igreja, seja com que governo for, ambientes de conflito”, referiu D. José Policarpo. “Só os inevitáveis”.

O Cardeal Patriarca de Lisboa afirmou que a criação de conflitos não corresponde à “maneira de a Igreja estar em diálogo com a sociedade”.

Mas, esclarece, “não se confunda isso com uma identificação com os critérios de cada governo” e com as “imposições que o actual governo impõe à sociedade”.

Segundo D. José Policarpo a Igreja, inserida numa sociedade democrática, tem a obrigação de “dialogar respeitosamente, para bem da sociedade, com todos os governos legitimamente empossados”.

“Estou convencido que uma conversa franca entre nós (Igreja) e os responsáveis (do Governo), sobre os problemas que se colocam, sejam eles quais forem, é mais fecunda que uma grande manifestação à frente da Assembleia da República”.

D. José Policarpo adianta que esta relação de diálogo tem sido “correspondida pelos governos, independentemente dos governos”.

Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, cujo diploma neste momento se encontra na posse de Cavaco Silva que poderá promulgar ou vetar politicamente, D. José Policarpo afirma que constitucionalmente “a margem do Presidente da República não é grande”.

“Tenho pena que a pessoa de Aníbal Cavaco Silva, que sou amigo há muito tempo, tenha que assinar uma lei dessas”, afirma D. José Policarpo, sublinhando que o veto político corresponde apenas a uma “marca da sua posição pessoal”.

A aprovação da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo é, segundo o Cardeal Patriarca, uma questão que “passa de país para país, com um grande lobby internacional”.

D. José Policarpo afirma ser uma “questão grave, não em si mesma”, pois em Espanha, ao final de cinco anos, “houve 30 casamentos”.

O Cardeal Patriarca de Lisboa enquadra o casamento entre pessoas do mesmo sexo como uma “questão antropológica de compreensão da família e da pessoa humana. É uma questão de civilização”.

D. José Policarpo explica ser “um pormenor na vida da nação”.

“Mas é um pormenor com um particular significado para o que somos como povo e para o que pensamos sobre nós mesmos”.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top