O Cardeal-Patriarca de Lisboa apresentou os desafios que a cultura cristã coloca à modernidade e a secularização do Velho Continente. A sua intervenção foi feita no Encontro Europeu de Cultura Cristã promovido pelo Conselho Pontifício para a Cultura e o Departamento das Relações Externas Eclesiais do Patriarcado Ortodoxo de Moscovo. D. José Policarpo aludia à profunda mudança no “quadro cultural” em que as Igrejas e os cristãos “são chamados a viver e testemunhar a sua fé na Europa”. A evolução da cultura ocidental trouxe como elementos específicos a modernidade e a secularização que o Patriarca de Lisboa aborda, embora alerte para o facto de “a Europa viver, culturalmente, cada vez mais sobre a pressão de elementos culturais globais”. Neste contexto, é “difícil” identificar uma “verdadeira cultura cristã” nos países da Europa, pelo que D. José Policarpo opta por falar em “desafios que a visão cristã do homem e da sociedade coloca aos quadros culturais das nossas sociedades”. Para o Cardeal-Patriarca, a cultura deve ser evangelizada “fundamentalmente pela presença coerente no seio da sociedade, uma presença que é anúncio, mas também denúncia”. A Igreja, assinala, não pode centrar a sua missão na rejeição da sociedade como um todo, mas deve “ler os sinais dos tempos” e identificar “as perspectivas que podem encontrar a sua verdade plena na profundidade cristã”. “A Igreja não deve abandonar ou condenar a Cidade, deve permanecer presente nela para a humanizar e transformar”, aponta. Sobre a secularização, “uma visão da sociedade, sobretudo dos seus valores e critérios éticos, completamente autónoma de Deus e da religião”, o Patriarca de Lisboa alerta para o facto de a recusa de Deus “por vezes manifestada de forma agressiva face ao papel das Igrejas na sociedade, tende a transformar-se num esquecimento generalizado de Deus e da religião”. D. José Policarpo apela à “visibilidade da Igreja na sociedade, expressão do amor-caridade” e à “presença autêntica dos cristãos”. Esta presença deve iluminar alguns pontos da cultura actual, como a racionalidade, a liberdade, a verdade e a definição de ser humano. Em conclusão, o Cardeal-Patriarca de Lisboa interroga-se se “os nossos cristãos e as nossas comunidades estão conscientes de que, pela autenticidade da sua vida cristã, devem provocar, no seio do diálogo intercultural, as culturas em que estão inseridos”.