O presidente do Conselho Pontifício para a Família (CPF), Cardeal Alfonso López Trujillo, negou esta semana qualquer mudança de fundo na posição da Igreja Católica em relação à prevenção da SIDA. Em duas entrevistas diferentes, o membro da Cúria Romana insistiu numa ideia central: a Igreja “não pensa retroceder um milímetro” no que se refere ao uso do preservativo, mesmo na prevenção da SIDA. Falando à emissora nacional da Colômbia (RCN), o Cardeal explicou que o Vaticano “mantém, sem modificar, a doutrina sobre o preservativo” e assinalou que as recentes palavras do Cardeal italiano Carlo Maria Martini “não passam de opiniões pessoais que não reflectem a doutrina oficial”. D. López Trujillo deu ainda uma entrevista ao “El País” e em ambas as situações nega que Bento XVI tenha ordenado um estudo com o objectivo de “modificar a proibição do uso do preservativo”. “Como Dicastério, nós não temos nenhuma instrução para realizar qualquer tipo de estudo com alguma novidade em relação ao preservativo”, assegurou o Cardeal. “Nenhum Papa, até agora, esteve aberto à possibilidade do uso do preservativo”, explicou, frisando que Bento XVI, ao longo do seu primeiro ano de pontificado, “tem recomendado a fidelidade, a continência, a castidade”. Os meios de Comunicação Social deram eco, em finais de Abril, a uma entrevista do Cardeal Javier Lozano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para Pastoral da Saúde, em que o membro da Cúria Romana falava do trabalho de uma comissão científica e teológica a respeito do uso do preservativo e da prevenção da SIDA. Falando à Rádio Vaticano, no dia 25 de Abril, o Cardeal precisou que se estava a referir, apenas, a um “estudo”, que seguirá os canais habituais no Vaticano, até ao Papa, que decidirá como utilizá-lo. O Cardeal Alfonso López Trujillo deixou claro, por outro lado, que a única recomendação da Igreja Católica em relação à prevenção da SIDA “é a fidelidade e a castidade como os meios não só moralmente aceitáveis, mas também medicamente eficazes”. Mesmo na África, fortemente afectada pela pandemia do HIV/SIDA, o Cardeal defende uma política de “abstinência, fidelidade e castidade”, dando como exemplo o caso do Uganda, onde essa política conseguiu baixar o número de contágios, ao contrário de outros países. No caso do problema se colocar no seio do casal, o presidente do CPF lembra que “os esposos podem entrar num plano de continência, de castidade, para não colocar em perigo a segurança do outro” e refere que, no uso do preservativo, a segurança é “relativa” por não existir 100% de eficácia na protecção.