O cardeal Roger Etchegaray, que caiu e fracturou a cabeça do fémur dentro da Basílica de São Pedro aquando da agressão de uma jovem a Bento XVI, contou neste Sábado ao jornal italiano Corriere della Sera que nunca esquecerá a última noite de Natal, “uma noite excepcional em muitos aspectos”.
“Ao cair, entrei na história”, gracejou o vice-decano do Colégio Cardinalício, ao regressar a casa após um mês internado na Policlínica Gemelli. “O primeiro pensamento foi para o Papa. Tive medo por ele – recordou. Houve uma grande confusão e eu caí, empurrado pelos seguranças que correram para proteger Bento XVI e todos nós, celebrantes; tive somente o tempo para ver a jovem que se aproximava e depois senti uma grande dor…”.
O cardeal, de 87 anos, disse que ficou muito admirado pela reacção do papa: “Para ele foi certamente um choque, uma experiência traumática, mas mesmo assim levantou-se imediatamente e continuou a procissão em direcção ao altar, onde presidiu à missa de Natal”. D. Etchegaray definiu Bento XVI como “um homem manso e corajoso”.
Ao pronunciar-se sobre a possibilidade do reforço das medidas de segurança em torno do pontífice, o vice-decano afirmou que “o Papa nunca renunciará ao relacionamento estreito que tem com o povo”, tanto que “apenas dois dias depois, no dia 27 de Dezembro, estava sentado à mesa com os pobres no refeitório da Comunidade de Santo Egídio, comendo com os estrangeiros e com as pessoas que não têm casa”.
No que diz respeito a Susanna Maiolo, a jovem ítalo-suíça que agrediu Bento XVI, D. Etchegaray notou que “bastou o perdão do Papa, que a quis encontrar”. E acrescentou: “eu também a perdoei”.
Enquanto a reabilitação continua, o cardeal francês, protagonista de muitas missões em nome do Vaticano, não renuncia aos projectos para o futuro e à ideia de novas viagens. “Um cristão – explicou – vive o presente no presente e olha sempre para frente”.
Com Rádio Vaticano