Embrião não é conjunto de células, mas indivíduo da espécie humana
O arcebispo de Salvador, Brasil, manifestou a sua perplexidade perante a suspensão de dois deputados federais contrários à legalização do aborto.
O Partido dos Trabalhadores suspendeu, a 17 de Setembro, Luiz Bassuma, por um ano, e Henrique Afonso, durante 90 dias, por contrariarem uma resolução a favor da descriminalização do aborto. Os deputados abandonaram o partido.
Em nota enviada às redacções, o cardeal Geraldo Agnelo afirma ter ficado “perplexo” com “a decisão de um partido político adoptar o princípio bolchevista de condenar e suspender correligionários que se colocam na defesa do primeiro e fundamental direito da pessoa humana, o direito de nascer”.
“Solidarizo-me com os deputados federais Luiz Bassuma e Henrique Afonso”, escreveu o arcebispo.
O cardeal considera que a defesa da vida “constitui uma conquista da civilização e seria muito grave retornar aos tempos em que nem todos os seres humanos eram considerados pessoas. Estes, então podiam ser comprados, vendidos, tratados como objectos, inclusivamente depois de morrer”.
“Os Direitos Fundamentais da Pessoa Humana, a começar pelo Direito à Vida, não são outorgados por instâncias políticas. Eles vêm antes de qualquer legislação humana, são preciosos porque subtraem a pessoa ao arbítrio de qualquer poder e à tirania de circunstâncias adversas.” Segundo D. Geraldo Agnelo, “os Governos e os seus órgãos legislativos podem apenas reconhecer esses direitos e devem tudo fazer para garanti-los.”
O arcebispo de Salvador considera que abortar “é uma medida que deixa a mulher sozinha com o seu drama, desonera o pai da criança, desonera a administração pública e a sociedade organizada da necessidade de acolher, cuidar, sustentar, juntamente com a mulher, a vida nova que está chegando”.
“Demorámos mais de 200 anos para tomar consciência de que não se pode violar a natureza, o ar, as águas, as florestas sem pagar um alto preço, como o aquecimento global. A violação da vida humana trará consequências ainda piores”, advertiu.
“Um embrião não é um conjunto de células, mas um indivíduo da espécie humana. Não se trata de uma verdade de fé, mas de uma verdade que a razão é capaz de reconhecer”, afirmou D. Geraldo Agnelo.
Com Zenit