O cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone reafirmou que a imagem de um papa ‘submisso’ ao Ocidente, divulgada pelos regimes comunistas na época da Guerra Fria, não tem fundamento histórico. O cardeal referia-se a Pio XII, figura central do congresso que decorre na Universidade Pontifícia Gregoriana, em Roma, por ocasião dos 50 anos da morte do Papa Eugenio Pacelli. “A lenda propagada sobre Pio XII nada mais foi do que propaganda soviética”, afirmou o Secretário de Estado do Vaticano, pedindo que “se pare de associar Pio XII a Adolf Hitler”, pois corresponde “a uma imagem ultrajante e é insustentável do ponto de vista histórico”. Pio XII é acusado de ter sido indiferente perante as vítimas do nazismo, dos polacos, e principalmente, dos judeus. “A imagem de um pontífice submetido aos norte-americanos e ‘capelão do Ocidente’, difundida e sustentada pelos soviéticos e pelos seus partidários nas democracias europeias durante a Guerra Fria é ultrajante”, frisou o Cardeal Bertone. A Igreja afirma que Pio XII trabalhou nos bastidores para ajudar os judeus, temendo que sua intervenção directa agravasse a situação e que houvesse uma retaliação da parte de Hitler. Ao abrir igrejas e conventos, por toda a Itália, para esconder judeus e determinando que os diplomatas do Vaticano na Europa concedessem passaportes falsos a judeus, Pio XII teria salvo centenas de milhares de judeus. O cardeal secretário de Estado declarou aos jornalistas que o processo de beatificação de Pio XII é um facto religioso que exige respeito de todos, e que é de exclusiva competência da Santa Sé. O Cardeal Bertone pediu ainda que terminassem as polémicas “cada vez menos compreensíveis e menos condizentes com a história”. Redacção/Rádio Vaticano