O Cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, fez um balanço positivo da sua viagem a Cuba, referindo que o novo presidente cubano, Raul Castro, é um homem “muito realista, aberto a discutir sobre tudo e preocupado com a manutenção de valores e ideais”. D. Bertone foi o primeiro representante internacional a reunir-se com o irmão e sucessor de Fidel, que permaneceu por 49 anos no poder. A viagem de seis dias, concluída esta Terça-feira, foi considerada proveitosa tanto do ponto de vista “das relações com as autoridades cubanas”, quanto com a Igreja do país. “Parece-me que existem perspectivas para um trabalho conjunto, de confiança na acção da Igreja e de possibilidade de abertura de novos espaços de presença”, disse o Cardeal, em entrevista à Rádio Vaticano. “Parece-me que a concórdia entre o Estado e a Igreja, ao ressaltar os valores e a formação aos valores, seja uma indicação, uma direcção na qual se possa caminhar com muitos frutos”, acrescentou. D. Bertone disse ter deixado em Cuba uma “mensagem de muita proximidade ao povo, para escutar as suas aspirações”. Este é “um povo que sofreu muito, também devido à conjuntura económica e às restrições que vêm do exterior”, admitiu, mas é “um povo que continua a ter grandes ideais, sobretudo os jovens, que querem ressurgir e afirmar a sua identidade, que é católica em boa parte dos jovens”, disse ele. O Cardeal italiano também reiterou a posição contrária da Igreja Católica ao embargo económico dos Estados Unidos da América e às restrições económicas da UE. “Parece-me que essas atitudes são naturalmente destinadas a impelir o governo da Ilha rumo a uma maior liberdade, a um maior respeito pelos direitos humanos. Porém, considero que essas medidas tão pesadas, tomadas unilateralmente, não favoreçam o desenvolvimento, fazem sofrer a população e isso é inaceitável”, afirmou. “Eu assegurei que a Santa Sé trabalhará para que, se não forem eliminadas, suspensas, sejam ao menos reduzidas essas sanções. Depois, certamente, isso deve comportar um desenvolvimento rumo a uma maior liberdade, rumo a um reconhecimento maior dos direitos pessoais e dos direitos sociais, bem como dos direitos políticos e dos direitos económicos”, prosseguiu. Por fim, o Secretário de Estado do Vaticano deixa “a mensagem de ter confiança no futuro, porque todos os cubanos juntos podem trabalhar por um desenvolvimento integral, rumo a um humanismo integral”.