O Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano, vai presidir esta tarde, em Roma, ao encontro em que será lançada a obra “Os Justos”, em memória dos “heróis desconhecidos” do Holocausto. O livro é da autoria de Martin Gilbert. Numa altura em que parecem ganhar espaço as teorias “revisionistas” da Shoah, o Vaticano volta, assim, a mostrar a sua posição a respeito desta “tragédia atroz”, como a definiu num comunicado oficial, em Dezembro, em resposta a uma Conferência Internacional convocada por Teerão. Nesta primeira edição em italiano, o livro de Gilbert reconstitui o papel desenvolvido pelos Justos de toda a Europa (20 mil homens e mulheres, segundo o Centro de documentação judaico do Yad Vashem), que salvaram muitos judeus da morte certa, durante o período Nazi. A obra examina, país por país, o papel desenvolvido na Europa por este “exército de Justos”. Na apresentação do livro marcam presença Matteo Luigi Napoletano, delegado da Comissão Pontifícia das Ciências Históricas junto do International Committee for the History of the Second World War, e Lisa Palmieri-Billig, representante na Itália e junto da Santa Sé do Jewish Committee. O “Justo” mais conhecido do nosso país é Aristides de Sousa Mendes, Cônsul de Portugal em Bordéus em Agosto de 1938, durante a II Guerra Mundial. Quando judeus e outros fugitivos chegaram a esta cidade perseguidos pelos nazis, a única forma de sobreviver era emigrar para o estrangeiro desde que obtivessem documentação portuguesa: 30 mil pessoas obtiveram o visto para entrar em Portugal, O Yad Vashem (Lugar e Nome) que recorda a morte de seis milhões de judeus, vítimas do regime de Hitler. Os “Justos” são homens ou mulheres que salvaram judeus da, arriscando a sua própria vida. Aristides de Sousa Mendes foi obrigado pelo regime de Salazar a uma reforma compulsiva e não remunerada, proibido de praticar a advocacia, acabando a sua vida na pobreza com os seus familiares.