Cardeal Bertone defende Pio XII

O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, declarou hoje que o Papa Pio XII é “vítima de uma lenda negra”, que o acusa “falsamente” de ter ignorado o Holocausto durante a II Guerra Mundial. O braço direito de Bento XVI falava durante a apresentação, em Roma, de uma nova biografia de Pio XII, do jornalista italiano Andréa Tornielli, a qual diz que as acusações de que o Papa seria anti-semita e teria ignorado o Holocausto fazem parte de uma “lenda negra” e não encontram apoio em quaisquer documentos históricos. A obra, de 650 páginas, tem como título “Pio XII, Eugenio Pacelli. Um Homem no Trono de São Pedro”. Tornielli cita novos documentos dos arquivos da família Pacelli mostrando, por exemplo, que, na escola, o jovem Eugenio era amigo íntimo de um colega judeu, Guido Mendes. Pacelli ajudou depois a família Mendes quando o ditador Benito Mussolini promulgou as “leis raciais” contra judeus, em 1938. Graças ao trabalho do Papa Pacelli, Roma contou com a maior percentagem de judeus que sobreviveram nas cidades ocupadas pelos Nazis. Dos 5715 Judeus de Roma, registados pela Alemanha para serem deportados, 4715 foram acomodados em 150 instituições católicas, 477 dos quais em santuários do Vaticano. O Cardeal Bertone lamenta que, na opinião pública, a imagem de Pio XII esteja associada à “indulgência para com o nazismo e á insensibilidade para com as vítimas das perseguições”, reduzindo o pontificado “à questão dos seus supostos silêncios”. O Secretário de Estado de Bento XVI disse ainda que o Vaticano tentou alistar judeus romanos nas suas forças de segurança em 1943, a fim de salvá-los dos nazis. Em Outubro de 1943 o Vaticano pediu aos ocupantes alemães permissão para recrutar 1425 homens para a hoje extinta Guarda Palatina, que patrulhava o Vaticano e propriedades da Igreja em Roma. Segurando documentos ainda sigilosos do Vaticano, citados pelo Cardeal Bertone, isso seria uma tentativa de atrair judeus para a força e assim protegê-los. Mas os ocupantes alemães e os seus aliados fascistas quiseram os nomes, datas de nascimento e raça dos homens chamados. O Papa Pacelli, que liderou a Igreja Católica de 1939 a 1958, viveu “uma grande e grave drama interior” em relação à melhor atitude a tomar durante a II Guerra Mundial. O Secretário de Estado do Vaticano afirmou que o pontificado de Pio XII foi marcado por “avanços importantes”, em sectores como a Liturgia, a Escritura ou o papel das mulheres.

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