Jornalista Manuel Vilas-Boas deu a notícia em Portugal da morte de D. Óscar Romero
Lisboa, 12 out 2018 (Ecclesia) – O jornalista Manuel Vilas-Boas enaltece o gesto do Papa Francisco de canonizar, no próximo domingo, D. Óscar Romero e o Papa Paulo VI que se pautaram pela coragem.
“Dois homens proféticos: um pelo sangue e sacrifício, outro pela coragem de por a Igreja em liberdade e em renovação. Isso são atos históricos e heróicos que devem ser consagrados como tal”, afirmou à Agência ECCLESIA o jornalista que deu a notícia, em Portugal, da morte do arcebispo de El salvador.
“Eu estava a dormir nessa manhã no dia 24 de março de 1980. Fui despertado por uma colega da RDP, a Celina, que me diz: «Manuel preciso de ti para vir comentar a morte violenta de D. Óscar Romero que acaba de ser assassinado pela polícia de El Salvador quando celebrava missa no altar do hospital”.
O jornalista levou a Bíblia debaixo do braço e, chegado aos estúdios, fez um comentário: “comecei pelo profeta Isaías que nos dizia «eu vim proclamar um ano de paz e salvação, vim para proclamar a salvação dos cativos»”, recorda.
Daquele momento o jornalista recorda o ímpeto que sentia para “importunar as consciências do mundo”, dando conta de uma “morte naquelas circunstâncias”.
D. Óscar Romero foi morto pela polícia militar na altura em que preparava o ofertório na celebração da missa no hospital de El Salvador; a eucaristia era palco de denúncias perante a opressão e perseguição das populações pelo regime militar e esquadrões da morte.
Manuel Vilas-Boas assinala o percurso de “conversão” de Óscar Romero quando se torna arcebispo de El Salvador.
Homem de famílias pobres, ganhou mais sensibilidade quando começou a receber no paço episcopal gente que falava de mortes e famílias assassinados pelo regime de direita que campeava em El Salvador. Deu o salto para o outro lado e começou a ser perseguido pelos militares”.
Óscar Romero é “um verdadeiro profeta, percebe os sinais dos tempos, tem uma ligação à realidade que o cerca mas não deixa de optar”, enfatiza Manuel Vilas-Boas que apenas lamenta que a Igreja “tenha levado tanto tempo a considerar o ser caso como um caso de grande profecia”.
O jornalista Manuel Vilas-Boas afirmou o arcebispo de El Salvador como uma das figuras “mais notáveis” da Igreja católica.
“Quem se dedica ao serviço, quem tem lugar de autoridade mas serve o serviço, é alguém que merece o nosso respeito e admiração e o nosso pedido de intercessão para que depressa tudo aconteça na Igreja, para termos uma Igreja mais ao jeito do Papa Francisco”, assinalou.
As canonizações de D. Óscar Romero e do Papa Paulo VI são para o jornalista “um sinal dos tempos bem aberto”.
Um sinal que tem de ter muita força e ser muito poderoso para poder abater outros sinais que andam por aí e não são nada favoráveis ao sentido de profecia da Igreja, à capacidade de ser sinal de transformação deste mundo. Urge a reforma que o Papa Francisco está a implementar”.
D. Óscar Romero e o Papa Paulo VI vão ser canonizadas pelo Papa Francisco no próximo domingo; o programa 70×7 desse dia e o programa na Antena 1 mostram testemunhos da vida e obra destas duas figuras da Igreja.
LS