O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, presidiu neste sábado ao encerramento da fase diocesana do processo de canonização de D. Nuno Álvares Pereira, o Beato Nuno de Santa Maria, numa cerimónia onde pediu que as vicissitudes históricas e as hesitações que o processo de canonização do Condestável já sofreu “sejam tidas em conta na análise” do processo pelo Vaticano. “Porque desejamos a sua canonização, tudo fizemos para a viabilizar”, afirmou o Patriarca, na cerimónia que teve na Igreja do Santo Condestável. O processo de canonização do Beato Nuno de Santa Maria foi reaberto no dia 13 de Julho de 2003, nas ruínas do Convento do Carmo, em Lisboa, com a sessão solene presidida por D. José Policarpo. A reabertura do processo de canonização do Beato Nuno de Santa Maria serve, sobretudo, para alargar a toda a Igreja um culto que já é bem real no nosso país. A história já poderia ter conhecido o seu epílogo quando, em 1947, o Papa Pio XII se manifestou interessado em canonizar o Beato português por decreto. O estado lastimável de uma Europa destruída pela II Guerra Mundial fez, porém, com que a Igreja portuguesa recusasse este motivo de festa. Em relação à necessidade de um milagre para o encerramento do processo, é preciso lembrar que quando o Papa Urbano VIII decretou que a declaração de santidade ficasse dependente de processo formal, fez uma excepção para aqueles cristãos a quem, há mais de duzentos anos, era prestado culto e reconhecida, pelo Povo, a santidade. O caso do Beato Nuno está incluído nesta excepção, como fez questão de referir o Cardeal-Patriarca. “Só hesitações históricas, agravadas por acontecimentos como a perda da independência, em 1580, e o terramoto que destruiu o Convento do Carmo, principal centro dessa devoção, porque aí se encontrava o seu túmulo, fizeram com que se sujeitasse, várias vezes, a declaração de Santidade de Frei Nuno de Santa Maria, às exigências formais de um processo de canonização, que, no rigor da disciplina para as Causas dos Santos, a ele não se aplicava”, disse D. José Policarpo. “Espero vivamente que estes dados históricos sejam tidos em conta na análise deste processo”, acrescentou. O discurso do Patriarca • Frei Nuno de Santa Maria
