Canadá: Igrejas incendiadas após descoberta de sepulturas de crianças indígenas

Quatro edifícios atingidos na província da Colúmbia Britânica

Lisboa, 28 jun 2021 (Ecclesia) – Quatro igrejas católicas foram incendiadas, nos últimos dias, após a descoberta de cerca de mil sepulturas não identificadas de crianças indígenas na província da Colúmbia Britânica, no Canadá.

As igrejas de Santa Ana e de Chopaka, em territórios de povos originários, ficaram destruídas pelas chamadas, este sábado de manhã, com uma hora de diferença, informou a Polícia local.

A 21 de junho, Dia Nacional dos Povos Indígenas, outras duas igrejas, em Penticton e Oliver, tinham sido atingida pelo fogo, sem registo de pessoas feridas.

Os bispos católicos de Saskatchewan, no Canadá, manifestaram a sua solidariedade com a “experiência dolorosa e devastadora” dos povos indígenas, após a descoberta de750 sepulturas anónimas junto a uma instituição educativa.

No início do mês tinham sido descobertos restos mortais de 215 crianças, alunos da Kamloops Indian Residential School (Escola Residencial Indígena Kamloops).

Várias destas instituições pertenciam à rede de escolas administrada pela Igreja Católica e destinada à “reeducação” de crianças indígenas, com o apoio do Governo canadiano.

D. Richard Gagnon, presidente da Conferência Episcopal do Canadá mostrou-se “triste e perturbado” com a descoberta, afirmando que a Igreja Católica apoia “totalmente o trabalho de investigação em andamento”.

“Os bispos desejam acompanhar os povos indígenas e as suas comunidades, ouvindo-os e trabalhando ativamente em conjunto para encontrar soluções”, assinalou.

Também o cardeal Gérald Cyprien Lacroix, arcebispo do Quebeque, assumiu os erros cometidos na relação entre a Igreja Católica e os povos indígenas.

“Fomos cúmplices do plano do governo canadiano de assimilar os povos indígenas, privando-os das suas línguas, a sua cultura e as suas tradições”, indicou.

Em 2015, após sete anos de pesquisa, a Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá divulgou um relatório sobre escolas residenciais, revelando que entre 1890 e 1996 mais de 3 mil crianças morreram por causa de doenças, fome, frio e outros motivos.

A 6 de junho, o Papa reagiu à descoberta de restos mortais de 215 crianças numa instituição católica.

“Sigo com dor as notícias que chegam do Canadá sobre a desconcertante descoberta dos restos mortais de 215 crianças, alunos da Kamloops Indian Residential School (Escola Residencial Indígena Kamloops), na província da Colúmbia Britânica”, disse.

Esta escola era uma instituição pertencente à rede de escolas administrada pela Igreja Católica e destinada à educação de crianças indígenas.

“Uno-me aos bispos canadianos e a toda a Igreja Católica, para manifestar a minha proximidade ao povo canadiano, traumatizado pela chocante notícia”, referiu Francisco.

Segundo o Papa, esta “triste descoberta” aumenta “a consciência das dores e sofrimentos do passado”.

“As autoridades políticas e religiosas do Canadá devem continuar a colaborar com determinação para fazer luz sobre este triste acontecimento, empenhando-se humildemente num caminho de reconciliação e cura”, apelou.

A modalidade de internato administrado pelo governo e por autoridades religiosas, nos séculos XIX e XX, tinha por objetivo “reeducar” crianças indígenas, retiradas das suas famílias, suprimindo línguas e culturas ancestrais.

OC

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Agência ECCLESIA

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