Associação sustenta que «não há drogas boas», rejeitando eventual legalização
Lisboa, 14 jan 2019 (Ecclesia) – A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) manifestou-se hoje em comunicado contra uma eventual legalização da canábis, alertando para “problemas de ordem médica” que a mesma pode fazer.
A nota, enviada à Agência ECCLESIA, apela “ao bom senso e à responsabilidade política dos deputados”.
O Bloco de Esquerda vai propor ao Parlamento Português a legalização da cannabis para “uso pessoal”, defendendo que a medida “reduzirá o consumo de outras substâncias mais tóxicas e com mais consequências”; o projeto de Projeto de Lei 1050/XIII vai ser discutido esta quinta-feira, na Assembleia.
A AMCP sustenta que vários estudos, de diferentes áreas médicas, comprovam que o uso da canábis se encontra associado a “alterações estruturais e funcionais no sistema nervoso central, com consequências nefastas para a saúde psíquica, e com riscos aumentados em casos de consumo prolongado ou desde idade precoce”.
Não há drogas boas, já que todas elas têm riscos para a saúde, contrariando a ideia errada, principalmente junto dos mais jovens, de que o seu consumo não causa dano. Por esse motivo, não se justifica que venha a ser aprovada legislação, no sentido do uso de qualquer droga para fins recreativos, pois o mais importante para a saúde pública é que esse consumo seja evitado”.
A associação considera, a este respeito, que qualquer iniciativa política no sentido de legalizar a canábis para fins recreativos “não será uma medida eficaz para reduzir o seu consumo”, mas, pelo contrário, irá “levar a um aumento do número de pessoas que consumem esta droga”.
“A lei também tem uma função pedagógica, pelo que a legalização da canábis daria um sinal contraditório à sociedade, contribuindo para que muitos jovens e adolescentes desvalorizassem os riscos associados ao consumo desta droga, acabando por tornar o próprio Estado cúmplice em relação a esses danos e perigos”, realça o comunicado.
Os Médicos Católicos acreditam que os responsáveis públicos devem “implementar políticas, com base em conhecimentos científicos, e não em inspiradas em ideologias”.
Também o bastonário dos Médicos se manifestou sobre esta questão, lembrando o impacto que uma eventual legalização pode ter na saúde das pessoas.
Em declarações à agência Lusa, Miguel Guimarães indica que não foi, pelo menos por enquanto, pedido qualquer parecer à Ordem dos Médicos.
OC