D. Jorge Ortiga reconhece que Portugal precisa de «urgente reenvangelização» e diz que Fátima espelha a «alma devota deste povo que somos»
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, denunciou a existência de uma campanha que quer situar a Igreja Católica “no mundo dos retrógrados” e admitiu que as referências cristãs no país “começam a liquefazer-se”.
Na saudação que dirigiu a Bento XVI durante o encontro com os bispos de Portugal, realizado esta Quinta-feira em Fátima, o prelado sublinhou que “a par do progresso e modernidade”, o país é atravessado por “factores de perturbação”, como o “ateísmo”, “atropelos à vida e à instituição familiar”, “desnorte no plano ético” e “miséria social”.
Neste contexto, os bispos querem dar “prioridade à fé como encontro com o Ressuscitado” e “caminhar para um novo estilo de vida, marcado pelo compromisso e pela paixão” ao país, que necessita de “uma urgente reevangelização”.
O arcebispo de Braga afirmou que a Igreja quer “ser esperança para todos os portugueses” e que se compromete na “afirmação da ética e dos valores cristãos”, na “aliança entre a racionalidade e abertura ao mistério”, na “caridade” e na “dignidade familiar como expressão do amor de um homem e de uma mulher”.
Depois de recordar a influência do cristianismo na cultura portuguesa, destacando o período dos Descobrimentos, quando os missionários “levaram o Evangelho e a Cruz, ainda hoje sólida em fachadas de igrejas”, D. Jorge Ortiga salientou a importância de Fátima, que “espelha, de forma por demais eloquente, a alma devota deste povo que somos”.
Num período em que os bispos de Portugal têm estado a repensar a acção da Igreja, o prelado pediu a Bento XVI “palavras orientadoras”, assegurando que elas vão ser aplicadas nas dioceses.