Caminhos de Santiago, fé em peregrinação

Milhares de peregrinos fizeram-se à estrada, a caminho de Santiago de Compostela, onde se vão encontrar com Bento XVI este Sábado, dia 6 de Novembro.

O próprio Papa se vai ali apresentar como “mais um peregrino” na primeira vez que se desloca ao santuário galego, que em 2010  assinala um novo Ano Santo Jacobeu, já que o dia 25 de Julho, dedicado a São Tiago, coincidiu com um Domingo.

São vários os “caminhos de Santiago”: para além dos itinerários portugueses, temos também rotas distribuídas por França, Espanha e Itália, por exemplo.

O P. José Antunes da Silva, provincial dos missionários do Verbo Divino, é um profundo conhecedor do caminho, que já percorreu em 8 ocasiões. Em 1993, colaborava com a Universidade do Minho, junto dos jovens.

Sempre que ia com eles em peregrinação, ao longo dos anos, tinha como objectivo transmitir-lhes que para além de um motivo religioso, de visita aos lugares santos, por exemplo, “há uma experiência religiosa cristã, uma fé que é preciso alimentar”, e que se concretiza em sinais concretos.

Em cada Ano Santo, a entrada na catedral de Santiago de Compostela deve fazer-se pela Porta Santa, que simboliza Cristo, “aquele que nos dá entrada para a sua Igreja”. Outros exemplos de sinais de fé, de acordo com o P. José da Silva, são “o abraço ao santo e o rezar junto ao seu túmulo”.

Ser peregrino, para o sacerdote, é sempre “uma ocasião de ir às fontes da nossa fé”. Uma experiência que, a partir das dificuldades que vão surgindo (a chuva, o frio, o calor, o cansaço, etc) “faz as pessoas olharem a vida com outros olhos”. Este movimento constante, de luta contra os obstáculos do dia-a-dia, também faz parte da “beleza do caminho cristão”.

Esta é uma vivência que deixa marcas em pessoas de todas as idades – Helena Maurício, professora no colégio de São Vicente Paulo, em Lisboa, já pôde constatar isso mesmo junto dos seus alunos. “Um deles, com 8 anos, foi dos poucos que fez o percurso todo a pé, enquanto alguns tiveram que recorrer ao autocarro”, refere ao programa da Igreja Católica na Antena 1.

Para a docente, o segredo para uma boa peregrinação passa por “uma grande predisposição para caminhar, a nível físico e, sobretudo, interior”.

Gonçalo Cabral é responsável pela delegação de Lisboa da Associação Espaços Jacobeus. Trata-se de uma associação católica de âmbito nacional, formada em 2004, e que tem como objectivo fomentar o culto e a peregrinação ao sepulcro de São Tiago, através do percurso português.

A associação surgiu precisamente a partir de uma experiência de peregrinação, de um conjunto de alunos da Faculdade de Teologia de Braga, da Universidade Católica Portuguesa.

Para Gonçalo Cabral, o percurso para Santiago é “um caminho interior, de procura de nós próprios e dos outros”. Já cumpriu esta etapa de bicicleta, mas confessa que não há nada como ir a pé, porque “pode-se observar melhor todo o caminho, cria-se um ambiente diferente”.

O ano passado, de acordo com dados da Associação Espaços Jacobeus, mais de 145 mil pessoas chegaram a Santiago de Compostela, vindas de 101 países diferentes – perto de 5 mil eram oriundas de Portugal. Este ano espera-se que o número total chegue aos 200 mil peregrinos.

O que está por trás de tamanha mobilização? No contacto com os peregrinos, a Associação Espaços Jacobeus revela que há aqueles que se fazem à estrada por causa do desafio físico, outros pelo convívio, mas “a maioria cumpre esta etapa por motivos religiosos”.

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