A Câmara Municipal de Santo Tirso entregou, no passado dia 25 de Abril, Medalhas de Mérito Municipal a cinco Mosteiros e Conventos, os mesmos que acolheram poetas aquando da iniciativa “Fé na Poesia”, que decorreu no passado mês de Março. O Presidente da Câmara Municipal, Castro Fernandes, referiu que “a distinção dos conventos e mosteiros instalados no nosso município é um dever incontornável. Por isso, este ano, decidimos fazê-lo publicamente nesta sessão solene. “Não podemos esquecer-nos que Santo Tirso está desde a sua origem ligado aos beneditinos e ao Mosteiro de São Bento”, assinalou. Sobre o trabalho desempenhado pelas instituições que estavam em vias de receber medalhas de mérito municipal, o autarca referiu que “nunca serão exagerados os elogios, quando falamos de cinco instituições que marcam social, cultural e espiritualmente o nosso município. A sua acção tem sido determinante para a manutenção de valores como a solidariedade e a coesão social, tão necessários nas regiões mais industriais e vulneráveis às regras de mercado”. Mosteiro de São José O Mosteiro de S. José – Clarissas Adoradoras, situa-se na Rua de Santa Clara, 318, em Vila das Aves, Concelho de Santo Tirso. A sua fundação obedeceu ao pedido instante de alguns sacerdotes Franciscanos que desejavam ver em Portugal restaurada a II Ordem Franciscana ou Ordem de Santa Clara. Foi no dia 17 de Junho de 1955 que, vinda de Menorca – Baleares – a Madre Clara, com mais três Irmãs (uma das quais vive ainda no Mosteiro e uma outra em Barcelona) fundou a comunidade das irmãs Clarissas de Vila das Aves. O edifício fora pertença das Irmãs Visitandinas que se deslocaram para Coimbra até regressarem novamente a Vila das Aves, agora no Longal. O Mosteiro foi dinamizador da Federação das Clarissas em Portugal, da qual foi primeira Presidente a Madre Clara. Era este mosteiro a Sede Federal e ao mesmo tempo o Noviciado Comum. De carisma contemplativo, a presença das irmãs clarissas é, essencialmente, voltado para a vida espiritual e nessa dimensão acolhem sobretudo as pessoas que acodem a pedir apoio. No entanto, dada a impossível separação da dimensão corpórea e espiritual do ser humano, a vertente material e psicológica é amparada sempre que possível a todos os que chegam ao Mosteiro. O Mosteiro tem estado aberto a iniciativas culturais como jornadas culturais, auto orientadas ou paroquias, etc. Sem carisma especificamente voltado para determinada acção social, a comunidade das Irmãs Clarissas, tendo como modelo S. Francisco e Santa Clara, procura acolher, dentro das possibilidades, em espírito evangélico, os que acodem ao Mosteiro. Convento de São José O Convento de São José, na quinta da Bela, pertence à paróquia de Fontiscos, freguesia de Santo Tirso. Trata-se de um edifício novecentista com planta em forma quadrangular. Para além do claustro, existe a capela, um lago artificial na zona central, sendo o edifício constituído por três pisos. Quando, em 1957, a Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição adquiriu a quinta da Bela, fê-lo com a intenção de aí construir o Convento de São José que se dedicaria, sobretudo, ao Noviciado. Até hoje, o Convento formou milhares de novas religiosas que trabalharam de Norte a Sul do País e em terras de missão. Funcionando ainda hoje como casa de formação, as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição dedicam-se também ao acolhimento e apoio religioso às Irmãs com idade avançada que, terminando o seu trabalho de missão, aqui regressam para receber todo o amparo necessário. Actualmente, estão no Convento cerca de 100 Irmãs, entre missionárias e outras Irmãs. Desde a primeira hora, o Convento abriu as suas portas à comunidade, nomeadamente com a abertura de um espaço onde recebiam as crianças após o horário escolar, como apoio social às famílias desta zona mais carenciada do nosso concelho Mosteiro de Santa Escolástica O Mosteiro de Sta. Escolástica de Roriz, das Monjas Beneditinas da Rainha dos Apóstolos foi fundado em 18 de Dezembro de 1935, por um grupo de irmãs enviadas pelo Mosteiro de Nossa Senhora de Betânea, Loppem – Bruges – na Bélgica. Este grupo estava na Bélgica a preparar-se para fazer uma fundação na Ilha da Madeira, em vista a dar resposta ao projecto pastoral do Bispo do Funchal de então: entretanto, a pedido da Abadia de S. Bento de Singeverga, que necessitava de ajuda de comunidades monásticas femininas em Angola, mudaram-se os planos e a fundação foi feita em Roriz, sem nunca se abandonar a hipótese inicial de se vir a fundar um Mosteiro na Madeira, o que hoje ainda não se concretizou. Em Roriz esta Comunidade é constituída por 22 irmãs, que, a par do essencial, que é a sua vida de Oração e Louvor, trabalham sobretudo:No Acolhimento de pessoas desejosas de se refazerem espiritualmente, proporcionando orientação espiritual, retiros, encontros pessoais ou de grupos, cursos de iniciação à Bíblia, à Oração, à Liturgia ou outros;No fabrico de bolachas, compotas, algum artesanato (terços, p. ex.);Na confecção de alfaias litúrgicas, paramentos, toalhas de altar, etc.; Em quase todas as suas actividades dão emprego a elementos da população, pois não conseguem fazer face a todo o trabalho a que se propõem e que lhes é pedido. Mosteiro da Visitação José Maria de Almeida Garrett, descendente duma ilustre família do Porto entregou-se inteiramente a uma vida de piedade, retirando-se com a sua mãe para uma casa de campo que possuía na Vila das Aves, onde viveu durante alguns anos a vida de um verdadeiro penitente. Sendo o Senhor José Maria de Almeida Garrett um verdadeiro admirador dos escritos de S. Francisco de Sales dirigiu-se ao Mosteiro da Visitação do Porto, a pedir Irmãs para a fundação na Vila das Aves, garantindo-lhe a sua subsistência material, e prometendo legar-lhe todos os haveres que possuía nesta terra. Sendo recente a fundação do Mosteiro do Porto (agora em Braga), a Comunidade não tinha ainda Irmãs bem formadas em número suficiente para satisfazer o pedido do ilustre Fundador, mas acolheu-o com muita bondade e interesse, oferecendo-se para receber no Noviciado, algumas das jovens de que lhe falava, para se formarem e poderem ser mais tarde do número das fundadoras. De facto, entraram algumas jovens no Mosteiro no dia 29 de Agosto de 1883, permanecendo ali durante 4 anos. Entretanto, o Senhor Garrett, auxiliado pelo Reverendo Padre José Torrinha Machado, angariavam muitas esmolas por meio das quais se puderam fazer obras importantes na Casa, transformando-a num pequeno Mosteiro e chegada a hora marcada por Deus e vencidas todas as dificuldades, resolveu-se definitivamente a fundação do Mosteiro de São Miguel das Aves. No dia 2 de Outubro de 1887, primeiro domingo do mês, festa de Nossa Senhora do Rosário e dos Santos Anjos, foi o designado para a instalação definitiva das Religiosas no seu novo Mosteiro. De boa vontade partilham os seus recursos com os que são mais pobres do que elas. Mosteiro de Singeverga O Mosteiro de S. Bento de Singeverga, sito na freguesia de Roriz, concelho de Santo Tirso, foi fundado em 25 de Janeiro de 1892 pelo Mosteiro de S. Martinho de Cucujães, na Casa e Quinta daquele mesmo nome, propriedade da Família Gouveia de Azevedo. E assim se pode dizer que a fundação de Singeverga, nos finais do séc. XIX, marca, com a recuperação do Mosteiro de Cucujães, o início da restauração da Ordem Beneditina em Portugal, empreendida por D. João de Santa Gertrudes Amorim, Abade daquele Mosteiro. Em 1938, o Mosteiro de S. Bento de Singeverga era agraciado pela Santa Sé com o título de Abadia, sendo nomeado seu primeiro Abade D. Plácido de Carvalho (1938-1948). As décadas de trinta, quarenta e cinquenta foram de grande desenvolvimento e irradiação, com uma acentuada afluência de vocações, a indispensável ampliação dos edifícios e a fundação doutras comunidades: as Missões do Moxico, em Angola, onde chegaram a trabalhar cerca de cinquenta monges; O Mosteiro de S. Bento da Vitória, no Porto; o Colégio de Lamego; e a Cela de Nossa Senhora da Graça, em Lisboa. Em 1963 era nomeado Bispo do Luso (Angola) D. Francisco Esteves Dias, Prior Claustral. Entretanto, e tendo-se tornado muito pequena a primitiva Casa, construiu-se o novo Mosteiro de Singeverga, ainda incompleto, mas habitado já desde 1957, durante o abaciado de D. Gabriel de Sousa (1948-1966). Sucederam-lhe no cargo abacial D. Teodoro Monteiro (1969-1977) e D. Lourenço Moreira da Silva (1977). Actualmente é Abade D. Luís Bernardo Sacadura Botte Aranha desde 1995. Para o monge beneditino, o Mosteiro e a Comunidade são o lugar privilegiado da experiência que eles fazem da presença activa do Espírito do Senhor Jesus na sua Igreja. A vocação monástica, segundo a Regra de S. Bento (“Ora et Labora”), implica algumas características específicas como sejam: A leitura e escuta da Palavra de Deus no silêncio, no recolhimento e na contemplação; o trabalho quotidiano, que pode ser de ordem pastoral, intelectual, artesanal, manual, agrícola, etc; o acolhimento, na hospedaria, de todos quantos vivem no mundo e procuram no Mosteiro espaços e tempo de reflexão, descanso e oração e a inserção na Igreja e na sociedade local, segundo as necessidades dos tempos e numa linha de fidelidade às exigências da vida monástica. È nesta linha de fidelidade que a Comunidade do Mosteiro de S. Bento de Singeverga procura viver o dia-a-dia. Refira-se, a propósito, o excepcional trabalho feito pela Ordem Beneditina no campo educativo ao longo de dezenas e dezenas de anos, no Mosteiro de Singeverga e na Escola Claustral, fomentando não apenas o ensino das vocações mas também o ensino básico preparatório. Fonte: www.cm-stirso.pt