Calhambeque, bi-bi

Paulo Rocha

A viagem apostólica do Papa ao Brasil está a superar todas as expectativas. Os locais que visita, os percursos que faz e os discursos e homilias que profere depressa dão origem a postais cheios de simbolismos. São muitas, de facto, as imagens marcantes destes dias e mais ainda os slogans que se podem construir com as suas palavras.

E tudo começou nos primeiros momentos, em terras de brasileiras.
Já se sabia que o Papa não queria um carro blindado e que rejeitara operações de segurança com custos elevados. Mas poucos imaginariam que Francisco se deslocasse, pelas ruas da cidade, num carro utilitário, aparentemente frágil para ultrapassar multidões que invadiam todos os trajetos.
Foi um sinal, em estreita coerência com as atitudes e os desafios que o Papa argentino tem deixado na História do seu pontificado, em sintonia com as mensagens pronunciadas no Brasil e para serem ouvidas em qualquer canto do mundo. Entre muitas que o explicam, recordo a que foi dita na favela da Varginha, no Rio de Janeiro.
“Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo!”
O Papa pede a quem tem mais recursos e às autoridades públicas para promoverem a justiça e combaterem as desigualdades.
São muitas, felizmente, as iniciativas e projetos que permitem repartir os recursos disponíveis com justiça e por todos. Há mesmo muitas mulheres e homens que ajudam, que retiram do que precisam para chegar aos que apresentam necessidades.
Mas, a história da caridade conta-se muitas vezes como a oferta do que sobra. E surgem noutras tantas como uma emergência, a concretizar com rapidez não por causa das necessidades de quem recebe, mas porque o “fora de prazo” motiva doações e o selo de “descontinuado” leva muitos produtos a quem apenas procura o que precisa para sobreviver.
Entre os que reivindicam ajuda também se multiplicam histórias contadas com o supérfluo, com percursos de vida que deixam o essencial para segundo plano.
Este equilíbrio não está atingido. E o utilitário do Papa pode ter a utilidade de ensinar a consegui-lo.
O carro simples a transportar o Papa pelas ruas de uma cidade cosmopolita é uma imagem que não pode permanecer no engraçado da situação para observar ao som da cantiga do Roberto Carlos (sem qualquer depreciação pelo modelo em causa). A opção de Francisco desafia-nos a mudanças de paradigmas. Exige que cada cidadão aprenda a se apropriar apenas do que é necessário para a dignidade da pessoa humana, a própria e a dos seus, na saúde, na alimentação, na educação, na relação social. E cada um terá o que precisa!

A viagem apostólica do Papa ao Brasil está a superar todas as expectativas. Os locais que visita, os percursos que faz e os discursos e homilias que profere depressa dão origem a postais cheios de simbolismos. São muitas, de facto, as imagens marcantes destes dias e mais ainda os slogans que se podem construir com as suas palavras.

E tudo começou nos primeiros momentos, em terras de brasileiras.

Já se sabia que o Papa não queria um carro blindado e que rejeitara operações de segurança com custos elevados. Mas poucos imaginariam que Francisco se deslocasse, pelas ruas da cidade, num carro utilitário, aparentemente frágil para ultrapassar multidões que invadiam todos os trajetos.

Foi um sinal, em estreita coerência com as atitudes e os desafios que o Papa argentino tem deixado na História do seu pontificado, em sintonia com as mensagens pronunciadas no Brasil e para serem ouvidas em qualquer canto do mundo. Entre muitas que o explicam, recordo a que foi dita na favela da Varginha, no Rio de Janeiro.

“Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo!”

O Papa pede a quem tem mais recursos e às autoridades públicas para promoverem a justiça e combaterem as desigualdades.

São muitas, felizmente, as iniciativas e projetos que permitem repartir os recursos disponíveis com justiça e por todos. Há mesmo muitas mulheres e homens que ajudam, que retiram do que precisam para chegar aos que apresentam necessidades.

Mas, a história da caridade conta-se muitas vezes como a oferta do que sobra. E surgem noutras tantas como uma emergência, a concretizar com rapidez não por causa das necessidades de quem recebe, mas porque o “fora de prazo” motiva doações e o selo de “descontinuado” leva muitos produtos a quem apenas procura o que precisa para sobreviver.

Entre os que reivindicam ajuda também se multiplicam histórias contadas com o supérfluo, com percursos de vida que deixam o essencial para segundo plano.

Este equilíbrio não está atingido. E o utilitário do Papa pode ter a utilidade de ensinar a consegui-lo.

O carro simples a transportar o Papa pelas ruas de uma cidade cosmopolita é uma imagem que não pode permanecer no engraçado da situação para observar ao som da cantiga do Roberto Carlos (sem qualquer depreciação pelo modelo em causa). A opção de Francisco desafia-nos a mudanças de paradigmas. Exige que cada cidadão aprenda a se apropriar apenas do que é necessário para a dignidade da pessoa humana, a própria e a dos seus, na saúde, na alimentação, na educação, na relação social. E cada um terá o que precisa!

 

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top