Crise mudou «perfil» das pessoas apoiadas pela instituição e levou-a a apostar em «projetos inovadores»
Lisboa, 04 jun 2014 (Ecclesia) – A Associação Cais, agraciada hoje pelo presidente da República com a Ordem do Mérito pelo seu empenho a favor dos sem-abrigo e contra a exclusão social, olha para a distinção com “orgulho mas também com grande responsabilidade”.
Em declarações concedidas à Agência ECCLESIA, no Palácio de Belém, a presidente da direção da CAIS, Anabela Pedroso, destacou a importância da iniciativa enquanto “reconhecimento” de “um trabalho que ao longo de 20 anos tentou criar capacitação para pessoas que necessitam dela e ao mesmo tempo dignificar a pessoa humana”.
Nos últimos anos, a crise económica mudou “o perfil das pessoas” que recorrem à instituição de solidariedade social, obrigando-a a “alargar o seu âmbito” a franjas da população que “ainda não” estando “na rua”, encontram-se já em situação de “grande fragilidade social”.
“É para esses”, realça Anabela Pedroso, que a CAIS tem procurado “avançar com projetos inovadores”, quer em termos de formação quer também da criação de emprego.
A ligação às empresas, “o empreendedorismo social” é visto como uma “alavanca” fundamental para “mudar” a realidade dos sem-abrigo em Portugal, para que essas pessoas encarem a vida com “esperança” e tenham “capacidade de impulsão” para buscarem um futuro melhor.
Atualmente, a instituição solidária está a colaborar com uma das maiores gasolineiras do país numa iniciativa chamada “10/300”, em que essa empresa se “compromete” a empregar na próxima década 300 utentes da CAIS nos seus diversos postos de abastecimento.
Outro projeto em destaque é o Cais Buy@Work, na área do autoemprego, em que os utentes trabalham por exemplo junto de “um grupo de empresas” e asseguram determinados serviços logísticos.
A CAIS está a apoiar neste momento 368 pessoas, em termos de capacitação e formação profissional, e no “último mês 25 utentes encontraram trabalho”.
Se é na "entrada" das pessoas, em busca de auxílio, que começa o trabalho da CAIS, realça Anabela Pedroso, é sobretudo a "saída" delas, já com uma perspetiva de futuro, que dá sentido a todo o projeto.
JCP