D. Arlindo Furtado vai ser o primeiro cardeal do país lusófono
Lisboa, 05 jan 2015 (Ecclesia) – Cabo Verde vai ter pela primeira vez um cardeal, D. Arlindo Furtado, bispo de Santiago, que vê a decisão do Papa como um reconhecimento pela história da Igreja Católica no país lusófono.
"É a história desta Igreja, que está a ser reconhecida pelo Papa", afirmou o prelado, em conferência de imprensa.
A Diocese de Santiago foi erigida por desmembramento da então Arquidiocese do Funchal, a 31 de janeiro de 1533.
D. Arlindo Furtado considerou a sua nomeação como um gesto de "reconhecimento e apreço pela história da Igreja em Cabo Verde que tem vindo a ser construída há muito tempo".
Numa mensagem divulgada pelo canal de partilha de vídeos YouTube, o primeiro cardeal de Cabo Verde fala numa surpresa "total" pela nomeação do Papa Francisco, que considera uma homenagem à Igreja neste arquipélago africano.
"Cabo Verde está de parabéns", assinalou, elogiando o bom relacionamento entre as autoridades do país e a Santa Sé.
A Diocese de Santiago reagiu à nomeação de D. Arlindo Furtado, salientando que a decisão do Papa Francisco "coloca Cabo Verde pela primeira vez na sua história entre as nações católicas do continente africano com representante no colégio dos cardeais".
"Entendemos isto como sinal de uma especial atenção do Santo Padre à caminhada da Igreja em Cabo Verde", assinala a nota de imprensa.
O comunicado frisa ainda que, "como cardeal, D. Arlindo Furtado estará à disposição do Papa quer agindo colegialmente, sempre que for chamado a decidir em conjunto sobre as questões de relevância no governo da Igreja, quer agindo individualmente como conselheiro de Francisco".
Numa mensagem enviada hoje à Agência ECCLESIA, D. Ildo Fortes, bispo do Mindelo – a outra diocese católica em Cabo Verde – saúda a “confiança” que o Papa Francisco depositou na Igreja Católica local, no povo cabo-verdiano "que conhece e ama" e no bispo de Santiago, "ao contemplá-lo com esta nomeação”.
“Que este gesto se traduza em maiores bênçãos para a nossa Igreja e para a Glória de Deus”, refere D. Ildo Fortes.
D. Arlindo Furtado, de 65 anos, foi o primeiro bispo da Diocese do Mindelo, criada no pontificado de São João Paulo II, missão que desempenhou entre 2004 e 2009.
Na sua mensagem, D. Ildo Fortes faz votos de que os novos cardeais que vão ser criados no dia 14 de fevereiro, incluindo D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, possam desempenhar o seu trabalho de forma “muito fecunda” e “contribuir amplamente para a desejada renovação da vida da Igreja”.
Algo “que o Papa Francisco tanto preconiza e se tem empenhado com muito zelo profético e apostólico”, frisa o responsável católico.
Natural de Figueira das Naus, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, D. Arlindo Gomes Furtado foi nomeado bispo há 10 anos pelo Papa João Paulo II.
Depois de servir as comunidades católicas do Mindelo, tomou posse em 2009 como bispo de Santiago.
O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, felicitou D. Arlindo Furtado, considerando que a sua nomeação como cardeal é um ato “histórico” e de grande importância para Cabo Verde e “ motivo de grande júbilo”.
“É com enorme satisfação que tenho a honra de, em nome do Governo da República de Cabo Verde e em meu nome próprio, lhe transmitir as nossas mais vivas e calorosas felicitações, extensivas à Igreja de Cabo Verde, uma das mais antigas dioceses africanas”, assinala a nota oficial, divulgada pela página do Governo cabo-verdiano na internet.
JCP/OC
Notícia atualizada às 20h32