Cabo Verde: 40 anos de democracia que precisam do Evangelho, diz D. Ildo Fortes

Igreja local é a mais antiga da costa ocidental de África

isboa, 16 jul 2015 (Ecclesia) – O bispo do Mindelo, Cabo Verde, elogiou os 40 anos da independência e da democracia “consolidada” deste país africano, que precisa de mais “maturidade política”, e identificou as prioridades da ação da Igreja junto da população.

“Sentimos que é preciso evangelizar, trazer o Evangelho para a vida das pessoas e outra aposta é um país que se debate com a pobreza, ajudar as pessoas a viver com mais dignidade podemos ser pobres mas com maior dignidade”, explicou D. Ildo Fortes à Agência ECCLESIA.

A Diocese do Mindelo fez recentemente 11 anos e o prelado, que é o seu segundo bispo, apostou na “continuidade” do trabalho do antecessor, a evangelização de uma sociedade onde em 40 anos de democracia “cresceu o secularismo”, muito devido ao primeiro regime que “não se pode dizer que valorizasse o aspeto espiritual” e no início terá tido alguma “hostilidade com a Igreja”.

Cabo Verde é um arquipélago de dez ilhas na costa ocidental de África onde o turismo é um fator de desenvolvimento, a “grande aposta do Governo”, mas que origina “muitos problemas sociais”.

D. Ildo Fortes revela que estes são campos de “prioridade social” da Igreja, nomeadamente na sua diocese onde uma das apostas é “trabalhar com a juventude e a família” para que esta seja “sólida, estruturada”, algo que depois vai refletir-se numa sociedade menos “vulnerável”.

“Embora seja uma democracia muito nova porque só desde 1991 é que o nosso sistema é democrático o termo consolidado no sentido em que funciona. Precisa de maior consolidação, maturidade política mas somos um país onde as instituições funcionam, há sempre problemas mas em África somos um caso notável”, disse.

O prelado lusófono identificou “grandes assimetrias sociais”, onde aumentam os ricos mas também os pobres, algo que é “próprio das sociedades modernas” com o desenvolvimento mas que “não” está “necessariamente” relacionado com o sistema político mas “sobretudo com a filosofia e mentalidade de vida hoje”.

O bispo do Mindelo explica que Cabo Verde é um país “pobre”, devido ao problema da seca que impede grandes produções e “vive de muitas ajudas externas” onde os dirigentes políticos “esforçam-se” para que exista “justiça social, acesso à educação, saúde e algumas pensões”.

“Estamos conscientes da importância que aconteça esta justiça mas na prática não há uma partilha como deveria haver”, observa.

No último consistório o Papa Francisco criou cardeal o bispo da Diocese de Santiago, D. Arlindo Furtado, decisão que gerou “grande impacto” e reconhecimento, bem como o “orgulho bom” que se sente em Cabo Verde.

“Os pequenos podem estar em lugar de decisão. A Igreja deve estar aberta à novidade, às vezes ficamos presos a esquemas tradicionais e é bom folgo novo na Igreja”, comentou o bispo de Mindelo.

D. Ildo Fortes indicou ainda três fatores para essa elevação, onde se destacam os 500 anos desta Igreja local: “O próprio Papa que tem sido um homem que se tem destacado pela diferença e pela atenção às periferias; Cabo Verde é a Igreja mais antiga da costa ocidental de África, a Diocese de Santiago foi criada em 1533; e D. Arlindo é um homem extraordinário, generoso, culto.”

PR/CB

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Agência ECCLESIA

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