D. Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, encerrou «Átrio dos Gentios» na cidade condal
Lisboa, 21 mai 2012 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício para a Cultura (CPC), considera que a última sessão do “Átrio dos Gentios”, realizada em Barcelona, trouxe uma tonalidade nova a uma cultura que “certamente não é dominada pela cor religiosa”.
Em entrevista à Rádio Vaticano, no rescaldo do evento que convidou crentes e não crentes a refletirem sobre “Arte, beleza, e transcendência”, D. Gianfranco Ravasi sublinhou que “a busca de interioridade”, favorecida pela religião, é hoje uma espécie de “pedra no sapato” da sociedade atual.
“Esta pedra cria certamente algum desconforto, mas ao mesmo tempo, como acontece com a Arte, cria uma ansiedade que convida as pessoas a olharem para cima, para o transcendente”, defendeu o arcebispo italiano.
O prelado espera agora que este “olhar para cima”, favorecido pelo Átrio dos Gentios, possa conduzir “idealmente” a uma “maior ligação ao próximo, ao infinito e ao eterno, quer numa cidade secularizada como Barcelona, quer em tantas outras metrópoles”.
A iniciativa promovida pelo CPC terminou esta sexta-feira, na cidade condal, com uma sessão intitulada “O diálogo das vozes: Poesia e Música na Sagrada Família”, acolhida pela Basílica da Sagrada Família, que Bento XVI dedicou em novembro de 2010.
O arcebispo de Barcelona, anfitrião do evento, saudou o Átrio como uma “experiência bem sucedida de diálogo e respeito mútuo entre pessoas de diferentes convicções” e que “predispõe para a transcendência”.
“Para muitos crentes e não crentes, tratou-se de um primeiro passo para uma reflexão comum sobre temáticas essenciais como a beleza, sem excluir a questão de Deus”, sublinhou D. Lluís Martínez Sistach.
As palavras do representante espanhol ganharam eco através da “beleza singular” e de toda a “simbologia” transmitida pela Basílica da Sagrada Família, obra do arquiteto Antoni Gaudí.
“Podemos dizer que este templo surge como um mapa do sagrado, através do qual cada pessoa pode refletir sobre as grandes questões da vida, da origem, do fim, do céu e da terra”, concluiu.
“A arte, cultura da alma, caminho de transcendência”, debatida no Museu Nacional da Arte, na Catalunha, e “encontrar a beleza, salvar o mundo”, foram outros pontos abordados, num programa que reuniu representantes de diversas religiões, ateus e agnósticos.
Durante três dias, religião, arte e música caminharam lado a lado, num itinerário que passou ainda pelo Instituto de Estudos Catalães e pela Universidade de Barcelona.
O Átrio dos Gentios vai também chegar a Portugal, mais concretamente às cidades de Braga e Guimarães, nos dias 16 e 17 de novembro.
JCP