Brasil: Papa pede justiça na distribuição dos rendimentos e saúda «Campanha da Fraternidade»

Iniciativa quaresmal é este ano dedicada à saúde pública, cujo financiamento é «problemático» e «insuficiente», denuncia episcopado brasileiro

Cidade do Vaticano, 22 fev 2012 (Ecclesia) – O Papa pediu hoje que o Brasil seja justo na distribuição dos rendimentos entre toda a população e saudou a Campanha da Fraternidade, iniciativa quaresmal da Igreja Católica local que este ano é dedicada à saúde pública.

Na mensagem enviada ao presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgada pela Sala de Imprensa da Santa Sé, Bento XVI espera que o país seja “próspero na economia, justo na participação das riquezas, alegre no serviço público, equânime no poder e fraterno no desenvolvimento”.

A Campanha que começa hoje, primeiro dia da Quaresma, nas mais de 10 mil paróquias brasileiras, é dedicada ao tema “Fraternidade e Saúde Pública” e tem como mote “que a saúde se difunda sobre a terra”, baseado numa passagem do livro bíblico do Eclesiástico.

A missiva papal dirigida ao cardeal Raymundo Damasceno Assis faz votos de que a iniciativa se traduza numa “solidariedade cada vez mais profunda para com os doentes, tantas vezes sofrendo mais pela solidão e abandono do que pela doença”.

O documento que suporta a iniciativa, elaborado pela CNBB e disponível no seu site, refere que o financiamento da saúde pública é “problemático” e “insuficiente”: “É preocupante o não cumprimento sistemático, por muitos governantes, do mínimo de investimento em saúde pública”.

O texto do episcopado brasileiro reconhece os avanços do sistema público de saúde mas frisa que é preciso “melhorar o atendimento” e “diminuir as reclamações em relação ao desrespeito e à dignidade humana, frente à vulnerabilidade do sofrimento e da doença”.

Os bispos lembram o trabalho que a Igreja tem desenvolvido na área da saúde, como o combate à redução da mortalidade infantil e as parcerias com o Ministério da Saúde no diagnóstico precoce da SIDA e da sífilis.

Bento XVI sublinha que a saúde, palavra com origem no termo latino “salus” (salvação) “vai muito além de um simples bem-estar corporal”, e é por esse motivo, explica, que as narrativas da Bíblia descrevem Jesus a realizar diversas curas.

O Papa manifesta na sua mensagem o desejo de que a Campanha ajude os doentes a compreender que “a doença é prova dolorosa” mas “pode ser, na união com Cristo crucificado e ressuscitado, uma participação no mistério do sofrimento d’Ele para a salvação do mundo”.

A abertura oficial da Campanha da Fraternidade está marcada para esta tarde na sede da CNBB, em Brasília, com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

A Quaresma é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que servem de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.

RJM

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Agência ECCLESIA

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