Igreja apoia grupos de voluntários e participa na distribuição de alimentos às populações mais carenciadas
Lisboa, 24 Jan (Ecclesia) – Petrópolis e Nova Friburgo, duas das dioceses mais atingidas pelas chuvas que espalharam a morte no sudeste do Brasil, estão lentamente a ressurgir dos escombros, graças a um forte espírito de entreajuda que a catástrofe natural ajudou a revelar.
“Ao lado de toda essa tragédia que estamos acompanhando nos meios de comunicação, surge uma onda de solidariedade que move não apenas as cidades atingidas, mas o Brasil inteiro. Uma grande multidão de amor ao próximo”, destacou D. Edney Mattoso, bispo de Nova Friburgo, durante uma celebração eucarística no Santuário de Aparecida.
Nesta cerimónia, a 23 de Janeiro, a Igreja católica brasileira confiou a Nossa Senhora todas as vítimas da tragédia que, há duas semanas atrás, se abateu sobre a região serrana do Rio de Janeiro.
Chuvas torrenciais causaram diversos deslizamentos de terras em 15 municípios do Sudeste brasileiro – de acordo com o último balanço da Secretaria de Estado da Saúde, já foram encontradas 809 vítimas e outras 469 pessoas permanecem desaparecidas.
Nova Friburgo foi a cidade mais afectada, com um balanço provisório de 350 mortos e 191 desaparecidos. D. Edney Mattoso rezou pelas vítimas que ainda não foram descobertas, e lembrou “a beleza da mobilização popular, especialmente dos jovens”, na distribuição de bens materiais e de ânimo àqueles que mais precisam.
Segundo o prelado, grupos de seminaristas e sacerdotes têm vindo a acompanhar a Defesa Civil e as autoridades médicas, nas suas incursões no terreno: “enquanto uns faziam o trabalho de socorro da parte física, outros iam ao encontro dos que estavam desolados” revela o bispo de Nova Friburgo.
Na diocese de Petrópolis, para além dos estragos registados ao nível da cidade principal, a tragédia estendeu-se também a vários bairros de Teresópolis e São João do Vale do Rio Preto.
Só em Teresópolis registaram-se 327 mortos, enquanto que na cidade de Petrópolis outras 66 pessoas perderam a vida. As duas localidades registam ainda 228 desaparecidos
Apontando para o exemplo de Cristo, D. Filippo Santoro, bispo de Petrópolis, desafiou os fiéis a “trabalhar, tomar iniciativa, pois estas cidades devem ressuscitar”.
Reconhecendo o esforço solidário que tem percorrido o Brasil, o prelado alertou para a importância do planeamento urbano, para que situações como esta possam ser evitadas no futuro.
JCP