Brasil: Negociar é a palavra de ordem para o mandato de Dilma Roussef

José Miguel Sardica analisa as eleições no Brasil no espaço de comentário à atualidade informativa da Ecclesia

Lisboa, 31 out 2014 (Ecclesia) – O diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica portuguesa (UCP) indica a “negociação” como a palavra de ordem a ter nos próximos quatro anos de presidência de Dilma Roussef no Brasil.

“Englobar as oposições e não criar um país dela”, afirma José Miguel Sardica, uma vez que o partido trabalhista conquistou no dia 26 de outubro, o quarto mandato presidencial, perfazendo até ao momento 12 anos no poder.

“Neste momento o partido trabalhista já se confunde com o Estado”, indica o professor universitário à ECCLESIA no comentário à atualidade informativa.

A segunda volta das eleições presidenciais no Brasil deram à candidata do Partido dos Trabalhadores Dilma Rousseff 51,6% contra Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira, que alcançou 48,3%.

A presidente reeleita vai ter de “implementar a reforma do sistema político” e fomentar uma economia “estagnada”, num quadro “menos favorável de há quatro anos atrás quando herdou de Lula da Silva o poder. A vitória de Dilma é incontestável mas estreita”.

O professor universitário considera que a democracia “funcionou bem”, mas que a relação entre o eleitorado e as autoridades políticas que precisa ser desenvolvida, uma vez que, lembra, o Brasil vive em democracia “apenas” desde 1985, tendo vivido num regime ditatorial durante 20 anos.

A presidente herdou de Lula da Silva uma “economia forte”, com taxas anuais de crescimento que rondavam os “seis ou sete por cento”, diferente da economia “estacionada, com uma taxa de inflação a subir”, marcada ainda por uma tenção social que pede uma reforma do sistema político e a manutenção das políticas sociais.

As políticas sociais “arrancaram da miséria milhões de pessoas”, mas o diretor da FCH considera que “o efeito da política social vai com o tempo tornar-se menos nítida” e a população, “tendo visto os padrões de vida, agora quer mais e exige uma intervenção política e uma voz que o Estado não estava habituado a dar”.

No contexto mundial Dilma Rousseff deverá “reposicionar” o país nas relações com os EUA e com a Europa, “pondo de lado um discurso vitimizador em relação às EUA e da Europa, em geral”.

José Miguel Sardica integra uma equipa de colaboradores da Ecclesia que semanalmente comentam a atualidade informativa.

O Sínodo dos Bispos sobre a Família vai ainda estar em destaque no comentário do diretor da FCH transmitido no programa de domingo na Antena 1.

LS

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Agência ECCLESIA

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