Sobre a reeleição de Dilma Rousseff o secretário-geral dos bispos lembrou situação dos mais pobres
Cidade do Vaticano, 29 out 2014 (Ecclesia) – A Igreja Católica no Brasil espera que a presidente recentemente reeleita, Dilma Roussef, exerça o seu mandato “em benefício de todo o povo brasileiro” e ajude a esbater a diferença atual entre ricos e pobres.
Em entrevista à Rádio Vaticano, o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, D. Leonardo Steiner, sublinha que o país não pode permanecer “dividido em classes”, umas com mais, umas com menos e outras praticamente sem nada.
O bispo auxiliar de Brasília recorda a situação das populações indígenas que hoje se estão a ver privadas das casas e terras, sem acesso à saúde, à educação ou sequer a água potável.
Para aquele responsável, é urgente resolver a questão da “demarcação das terras indígenas, dos títulos de boa-fé que têm a ver com as terras indígenas, mas também a questão dos quilombolas”, dos territórios habitados por descendentes de escravos fugitivos.
Estes temas vão inclusivamente estar na base da campanha ecuménica dos bispos brasileiros em 2016.
Depois de uma eleição muito dividida, com “um debate muito duro” e marcado por alguns “ataques pessoais” entre os candidatos, Dilma Rousseff é chamada a reunir o Brasil, a promover o “diálogo” e a “refazer alguns laços sociais”, aponta D. Leonardo Steiner.
O porta-voz da CNBB aponta ainda como prioridades a inversão do atual “momento económico” do Brasil, que é “bastante delicado” e o combate à “violência crescente”.
Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, foi reeleita para um novo mandato de quatro anos com apenas mais três pontos percentuais que o seu principal opositor, Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira.
O escrutínio ficou ainda marcado pela abstenção de mais de 21 por cento dos brasileiros, cerca de 30 milhões de pessoas.
Numa das suas primeiras entrevistas depois da reeleição, a presidente do Brasil mostrou-se disponível para ouvir todas as fações da sociedade, favoráveis ou não ao atual Governo.
Disse ainda estar empenhada em definir as bases de uma reforma política, através de uma “consulta popular”, e em combater a corrupção e o clima de impunidade no país.
Um dos casos mais em foco, durante a campanha presidencial, foi a suspeita de desvios financeiros na maior empresa estatal do país, a Petrobras.
Dilma Rousseff assegurou que tudo vai fazer “para colocar às claras o que aconteceu neste e em qualquer outro que apareça”.
RV/Lusa/JCP