Antigo bispo da diocese moçambicana de Pemba continua a acompanhar conflito em Cabo Delgado
Aparecida, 02 set 2022 (Ecclesia) – D. Luiz Fernando Lisboa, bispo da diocese brasileira de Cachoeiro de Itapemirim e antigo bispo de Pemba, continua a acompanhar a situação na Província de Cabo Delgado e afirma que a situação atual do Brasil “assusta o mundo inteiro”.
“Esperamos que o país possa sair do dilúvio em que se encontra, da situação difícil. Os trabalhadores perderam direitos que tinham conquistado, o Brasil voltou ao mapa da fome, as florestas são destruídas, houve um aumento de desmatamento da Amazónia… E isso assusta-nos e assusta o mundo inteiro”, afirmou.
Em declarações à Agência ECCLESIA no Santuário Nacional Aparecida, onde terminou hoje a Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, D. Luiz Lisboa disse esperar que, com as eleições de outubro, se possa “retomar um modo de governação que seja mais saudável” do que o atual.
O bispo brasileiro denunciou as “desigualdades sociais no país, onde “o fosso entre os ricos e pobres aumentou muito”, voltando a indicadores de pobreza e de fome dos inícios dos anos 90.
D. Luiz Lisboa disse que o tema da fome vai marcar a Campanha da Fraternidade da CNBB (uma campanha anual de solidariedade dos bispos do Brasil) e também a realização do Congresso Eucarístico Nacional, que vai decorrer em Olinda-Recife, onde “vai ser inaugurada a Casa do Pão”.
Após cerca de 20 anos nem África, D. Luiz Lisboa fala de uma “experiência bonita” que realiza na Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, na região sudeste no Brasil, no Estado do Espírito Santo, para onde foi nomeado no dia 11 de fevereiro de 2021, por ser uma região marcada pelas comunidades eclesiais de base.
“É uma caminhada muito bonita de Igreja, onde estão presentes milhares de circlos bíblicos, as famílias reúnem-se em torno da Palavra, para fazer uma leitura da sua realidade e ajudarem-se mutuamente”, afirmou.
Na diocese moçambicana de Pemba, D. Luiz Lisboa denunciou os crimes cometidos por forças terroristas que destruíam aldeias e obrigavam o povo a refugiar-se nas matas.
“A situação continua muito difícil. Os terroristas espalharam-se e continuam a fazer pequenos ataques. O povo está numa situação de insegurança, embora as autoridades, irresponsavelmente, promovam o regresso das pessoas às suas aldeias. As pessoas chegam lá e não encontram as condições necessárias, sofrem novos ataques”, afirmou.
D. Luiz Lisboa valoriza o trabalho do atual bispo de Pemba, D. António Juliasse, nomeadamente o “muito esforço” que tem feio por estar próximo e visitar as várias aldeias, atendendo com as várias organizações da Igreja os deslocados, que são quase um milhão.
O bispo da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim lamenta que, por causa da guerra na Ucrânia, Cabo Delgado fique “esquecido do resto do mundo” e faz um apelo para que se continue a ajudar a Diocese de Pemba.
PR
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