Encontro de bispos no Vaticano é apresentado como «celebração da Igreja para a Igreja»
Lisboa, 12 fev 2019 (Ecclesia) – O secretário-geral da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) afirmou esta segunda-feira que o Sínodo especial sobre a Amazónia, que vai decorrer em outubro no Vaticano, quer ser uma “uma celebração da Igreja e para a Igreja”.
A declaração surge depois de o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Brasil ter assumido a “preocupação funcional do Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional com alguns pontos da pauta do Sínodo sobre a Amazónia”.
“Parte dos temas do referido evento tratam de aspetos que afetam, de certa forma, a soberania nacional. Por isso, reiteramos o entendimento do GSI de que cabe ao Brasil cuidar da Amazónia Brasileira”, acrescenta a nota, que rejeitava notícias sobre uma alegada vigilância à Igreja Católica por parte da Agência Brasileira de Inteligência.
O secretário-geral da CNBB sublinhou, num vídeo divulgado no site do organismo católica, que o Sínodo convocado pelo Papa Francisco “envolve toda a questão da Pan-Amazónia: os povos, o meio ambiente”.
O documento preparatório para assembleia especial de bispos católicos foi divulgado em junho de 2018, denunciando a exploração levada a cabo por “interesses económicos” que ameaçam a natureza e os direitos dos povos indígenas.
“A riqueza da selva e dos rios da Amazónia está ameaçada pelos grandes interesses económicos que se alastram sobre diferentes regiões do território. Tais interesses provocam, entre outras coisas, a intensificação do desmatamento indiscriminado na selva, a contaminação dos rios, lagos e afluentes”, assinala o texto.
Entre as situações denunciadas elenca-se o “neocolonialismo configurado pelas indústrias extrativistas, pelos projetos de infraestrutura que destroem sua biodiversidade e pela imposição de modelos culturais e económicos estranhos à vida dos povos.
A assembleia de bispos foi anunciada pelo Papa a 15 de outubro de 2017 e vai refletir sobre o tema ‘Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral se realizará em outubro de 2019’.
O texto preparatório fala num “Grito da Amazónia” que pede a presença de Deus, “especialmente quando os povos amazónicos, ao defenderem as suas terras, se confrontam com a criminalização de seu protesto, tanto por parte das autoridades como pela opinião pública”.
“O processo de evangelização da Igreja na Amazónia não pode ser separado da promoção do cuidado do seu território (natureza) e de seus povos (culturas)”, acrescenta a Santa Sé.
OC