Brasília, 17 set 2015 (Ecclesia) – Os bispos brasileiros da região Centro-Oeste, Distrito Federal e Goiás, enviaram uma carta às autoridades a denunciar a “impunidade dos autores dos homicídios de indígenas na região”, contabilizando pelo menos 50 mortos, desde 1983.
“Quantas pessoas ainda devem morrer para concluírem que é necessário fazer algo de concreto pela paz, para que o respeito dos direitos e da justiça sejam garantidos para todos?”, foi a pergunta enviada pelos prelados.
A missiva informa que o movimento indígena e os seus aliados “continuarão a monitorizar o avançamento do processo, esperando que esta justiça chegue a tempo e de modo exemplar, para punir os responsáveis do bárbaro crime”.
A Agência Fides, do Vaticano, contextualiza a situação com o caso de Simeone Vilhalva foi morto durante atritos com agricultores da Aldeia Antônio João pela posse de uma fazenda, a 29 de agosto.
O presidente do Conselho Municipal de Direitos Indígenas, Sander Barbosa, disse que “Simeone é o novo símbolo da luta indígenas por justiça” e adiantou que “mais de 50 líderes indígenas já perderam a vida em conflitos pela terra”, desde 1983.
Nestes dados está também o homicídio do missionário Vicente Cañas, em maio de 1987.
A carta publicada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) questiona se no caso de Simeone Vilhalva “vai ser o Estado, novamente”, o responsável pela impunidade.
“Para evitar que isto ocorra, a sociedade brasileira pede inquéritos e a punição dos culpados de modo rápido”, escreveram os bispos da região Centro-Oeste.
Para além de explicações e a “punição dos responsáveis”, os vários grupos sociais e religiosos pedem celeridade no processo de demarcação das terras e a defesa da proposta de lei PEC 71 que “prevê uma indemnização para as áreas subtraídas aos indígenas”.
Fides/CB