Brasil: Arcebispo do Rio de Janeiro lembra manifestações populares e defende «renovação» na democracia

D. João Orani Tempesta e jovem que saiu das favelas falaram ao Papa sobre a situação do país

Rio de Janeiro, Brasil, 27 jul 2013 (Ecclesia) – O arcebispo do Rio de Janeiro falou hoje diante do Papa Francisco sobre as manifestações populares que se têm multiplicado no Brasil, apelando a uma “na democracia participativa”.

“Nas últimas semanas, vimos grandes manifestações de cidadãos brasileiros, em sua maioria jovens, expressando sua voz por um país mais justo e menos desigual, à procura de uma vida mais fraterna e digna”, disse D. João Orani Tempesta no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, durante o encontro entre o Papa e políticos brasileiros, diplomatas, empresários e representantes da sociedade civil, da cultura e das maiores comunidades religiosas do país lusófono.

O prelado apelou a uma democracia “sempre pautada pelo diálogo, pela busca do bem comum e pelo fim das desigualdades sociais”.

Segundo o arcebispo do Rio de Janeiro, o Brasil vive uma “mudança de época” que permite vislumbrar “um novo momento histórico”, com a participação dos jovens.

“Esse protagonismo juvenil gerou esperança em todos de que a vivência democrática e cidadã, sem nunca recorrer à violência, é o caminho para superar as dificuldades vividas em nosso amado Brasil”, declarou.

D. Orani Tempesta desejou ainda que este momento de mudança permita “criar maiores espaços de participação política”.

“Precisamos e devemos afirmar o sonho da justiça, da paz e da reconciliação de todos”, concluiu.

O Papa foi ainda saudado por Walmyr Júnior, católico de 28 anos e professor de História, que nasceu na favela Marcílio Dias no Complexo da Maré, órfão de pai e mãe, que se apresentou como alguém que fugiu da violência e da droga.

“Foi o desejo de descobrir o sentido da minha vida que me levou a traçar novos rumos na minha história”, relatou, emocionado.

O jovem recordou os “que foram exterminados” nos arredores da igreja da Candelária, há 20 anos, os toxicodependentes e os que vivem na rua, bem como os que provocam a violência, os que são esquecidos ou violentados.

Walmyr Júnior também falou das manifestações que levaram milhões de pessoas às ruas do Brasil para reivindicarem o seu direito de “ter uma vida digna”.

“Santo Padre, abençoe-me, abençoe a nossa juventude e -nos a todos nós”, concluiu.

O Papa saiu da cadeira onde tinha ouvido o jovem e foi abraçá-lo, abençoando ainda uma foto de família que este lhe apresentou.

OC

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