Responsáveis católicos pedem fim da sobrelotação nas cadeias e condenam banalização da morte
Manaus, Brasil, 03 jan 2017 (Ecclesia) – O arcebispo de Manaus, no Brasil, manifestou a sua condenação pelo motim deste domingo numa prisão dessa cidade, capital do Estado do Amazonas, que fez pelo menos 60 mortos.
“Manifestamos o nosso repúdio contra a mentalidade daqueles que banalizam a vida, achando que a mesma é descartável, onde se pode matar e praticar todo tipo de crime e violência contra os cidadãos”, refere D. Sérgio Eduardo Castriani, numa nota divulgada hoje.
O documento é assinado também pelos responsáveis da Pastoral Prisional na arquidiocese amazónica, pronunciando-se em defesa da vida e manifestando solidariedade às famílias enlutadas.
Durante os confrontos, registaram-se várias decapitações e alguns corpos foram queimados e mutilados, no que tem sido apresentado como um episódio da guerra entre narcotraficantes.
Os responsáveis da pastoral prisional em Manaus recordam que o Estado tem de “cuidar e garantir a integridade física” de cada detido, lamentando que o atual sistema não recupere cidadãos mas se apresente, pelo contrário, como uma “escola de crime”.
A Arquidiocese brasileira vai promover uma celebração eucarística em sufrágio pelas vítimas no próximo sábado, na Catedral da Imaculada Conceição.
D. José Albuquerque de Araújo, bispo auxiliar de Manaus, disse à Rádio Vaticano que este é um momento de “de grande lamento e profunda tristeza”.
"Esperamos que os nossos governos, estadual e municipal, e as nossas polícias possam chegar a um acordo e resolver esta situação quanto antes, para o bem dos que estão presos, que muitas vezes são vítimas da própria violência, e também dos familiares que acompanham a situação com muita apreensão, tristeza e medo”, acrescentou.
Já o padre Gianfranco Graziola, vice-coordenador nacional da Pastoral das Prisões no Brasil, sublinhou à emissora pontifícia que o país tem uma prática de “encarceramento em massa”.
“A prisão é um produtor de criminalidade, um produtor de violência, um produtor de tortura. Nós temos apresentado isto muito claramente com dados, mas parece que não são suficientes para combater esta luta entre fações, sobretudo este comércio em que se tornou o sistema prisional brasileiro”, lamentou.
OC