Bragança: Ritos católicos mais «comunicativos»

D. José Cordeiro escolheu a Liturgia como tema diocesano para o Ano da Fé e pediu um esforço redobrado na formação dos fiéis

Bragança, 15 out 2012 (Ecclesia) – A Diocese de Bragança-Miranda vai dedicar o Ano da Fé à revitalização da prática litúrgica, enquanto expoente máximo da adesão ao mistério de Deus e base de toda a missão evangelizadora.

Numa carta pastoral divulgada este domingo, na Catedral de Bragança, e enviada à Agência ECCLESIA, o bispo diocesano, D. José Cordeiro, elegeu “a liturgia como primeira escola de fé” e deixou aos fiéis alguns desafios para viverem melhor a iniciativa convocada por Bento XVI, que se estenderá até novembro de 2013.

De acordo com o prelado, “educar” as pessoas “à participação” na liturgia é hoje “um enorme desafio” para a Igreja Católica e a solução passa, em primeiro lugar, por “tornar os ritos e as orações profundamente comunicativos”.

“A liturgia é a dimensão que mais se esbanja na Igreja”, aponta aquele responsável, defendendo uma prática mais “séria, simples, bela, que seja experiência do mistério, permanecendo, ao mesmo tempo, inteligível, capaz de narrar a perene aliança de Deus com os homens”.

No âmbito do tema geral do plano pastoral da Diocese de Bragança-Miranda até 2017, “Repartir de Cristo, nos caminhos da missão”, o bispo convida os “agentes pastorais, nas paróquias, congregações movimentos e diversas instituições eclesiais” a um esforço redobrado na formação dos fiéis.

Lembrando que “a espiritualidade não se ensina, aprende-se e experimenta-se”, D. José Cordeiro aconselha “especial atenção à Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia”, promulgada no decorrer do Concílio Vaticano II (1962-1965).

Na altura, o documento sustentava que “uma das causas do divórcio da Liturgia e da vida” era a ideia de que Deus e a Igreja eram entidades distantes da realidade quotidiana das pessoas, uma noção que, segundo o bispo de Bragança-Miranda, ainda subsiste hoje em dia.

“Alguns imaginam Cristo como o sacramento da salvação de todas as pessoas, mas que está ‘lá em cima’, e depois a Igreja, outro sacramento, como estando ‘cá em baixo’, e, por fim, os sete sacramentos da Igreja, realizados de vez em quando”, lamenta o responsável diocesano.

Em ordem a uma prática religiosa mais consentânea com “a celebração da fé”, D. José Cordeiro propõe uma maior atenção aos sacramentos, que “têm a função de santificar, de edificar a Igreja”, à “oração”, sinal da “relação com o Deus vivo e verdadeiro” e à prática da “caridade, elemento imprescindível para a verdade do culto cristão”.

O prelado aponta ainda para a necessidade de preservar o domingo, “dia do Senhor” que “fica muitas vezes diluído num fim-de-semana”. 

“Se o domingo deixar de ser um dia no qual haja espaço para a oração, o repouso, a união e a alegria, pode acontecer que, como refere o Papa, o homem permaneça encerrado num horizonte tão restrito, que já não lhe permite ver o céu. Então, mesmo bem trajado, torna‑se intimamente incapaz de festejar”, sustenta.

O «ano da fé» teve início na última quinta-feira, no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II e vinte anos após a publicação do Catecismo da Igreja Católica, coincidindo ainda com a 13ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos, que tem como tema “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.

JCP

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