Bragança-Miranda: Santuário de Cerejais, «expressão da mensagem de Fátima no nordeste», alia património edificado e obras de arte à natureza

«Durante todo o ano aqui ocorrem milhares de pessoas para estarem com Maria» – Padre Manuel Ribeiro

Alfândega da Fé, 16 nov 2024 (Ecclesia) – O Santuário do Imaculado de Coração de Maria, em Cerejais, na Diocese de Bragança-Miranda, “é a expressão da mensagem de Fátima, que é uma mensagem universal, católica”, no nordeste português que mobiliza peregrinos e visitantes “durante todo o ano”.

“Nós encontramos, e vêm cá, pessoas de toda a zona norte visitar Nossa Senhora, percorrem aqui os caminhos, particularmente em dois momentos: nós temos maior afluência com a amendoeira em flor, nos meses de fevereiro e março, em maio, com a peregrinação, e depois de outubro”, disse o reitor deste santuário diocesano, em declarações à Agência ECCLESIA.

“Mas, durante todo o ano, aqui ocorrem milhares de pessoas para estarem com Maria”, acrescenta o padre Manuel Ribeiro.

A responsável pelo Gabinete de Apoio ao Peregrino e de Comunicação do Santuário do Imaculado Coração de Maria dos Cerejais, em Alfandega da Fé, sublinha que “a grande concentração de peregrinos” é na época da amendoeira em flor, mas têm notado que “esse período se começa a estender até finais de maio e início de junho”, acrescentando que “no inverno cerrado” não costumam ter “peregrinações em autocarros”, mas mais visitas em famílias.

Segundo Daniela Ochoa, quem visita-os na época das amendoeiras em flor, não o faz só por isso, “nem só pelo santuário”, mas pelo conjunto do património edificado e natural, e têm também os “Lagos do Sabor que transformam esta paisagística: “Quem vem nessa altura do ano, vem ver as amendoeiras, aproveita e vê o santuário, quem vier, por exemplo, “em maio ou junho ou julho, vem mesmo pelo santuário ou pelas obras que aqui temos”.

A coordenadora do Gabinete de Apoio ao Peregrino e de Comunicação do Santuário mariano de Cerejais acompanha os visitantes que se inscrevem e explica “a história toda”, “desta a fundação, o santuário onde tudo começou, em 61, até à Loca, o Calvário, e a Capela da Santíssima Trindade”.

Existe também um mapa “com três rotas – a rota da Loca, a rota do Calvário e a rota do Santuário – onde podem escolher o que ver”, com os nomes dos autores das obras e, na entrada de cada um dos edifícios, um código QR que irá direcionar o peregrino para a página no website “onde está a história”.

“O santuário está aberto de domingo a domingo, das nove até ao final do dia, no inverno fecha mais cedo. Estamos sempre disponíveis para receber os peregrinos, os serviços estão sempre disponíveis, serviço de refeições, visitas guiadas, de estadias”, explicou Daniela Ochoa, contabilizando que têm um alojamento com 47 camas e dois salões que podem acolher “cerca de 120 pessoas para refeições”.

Daniela Ochoa destaca que têm “uma multiplicidade de peregrinos”, “com o programa completo, só de passagem”, o turismo religioso e também ateus que os visitam pelas obras de arte, a arquitetura, a escultura, porque este santuário mariano é “um museu a céu aberto”: “Temos aqui ‘O Cego’, do mestre José Rodrigues, um dos maiores escultores do século XXI, o comendador José Ferreira Tadim, que foi o autor da imagem de Fátima, a original que está na Capelinha das Aparições, esculpiu a imagem do Imaculado Coração de Maria, as imagens que se encontram na Loca e no Calvário, no santuário a Senhora do Carmo e São Bento, que é o padroeiro da nossa diocese”.

“Altino Maia, os mistérios do Rosário, que vão a caminho da loca, temos de João Fragoso, o Cristo Rei, e também de Joaquim Cardoso, o Bom Pastor, a Nossa Senhora que está na fachada do santuário, tal como estes pelintos com a vida de Nossa Senhora”, acrescenta.

O Santuário do Imaculado Coração de Maria – Cerejais, que é gerido pela Fundação Cónego Manuel Joaquim Ochôa, uma IPSS que tem também um Lar de Idosos, vai estar iluminado de vermelho, de 18 a 24 de novembro, associando-se à ‘Red Week’ (Semana Vermelha) da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS), em representação da Diocese de Bragança-Miranda.

CB

 

No ano de 1961, o Santuário do Imaculado Coração de Maria começou a ser construído em Cerejais pela iniciativa do cónego Manuel Joaquim Ochôa em construir na aldeia onde nasceu uma réplica do Santuário de Fátima.

“Não se trata de ser nem uma cópia, nem uma sósia, mas é a expressão também da mensagem de Fátima, que é uma mensagem universal, católica, e colocá-la aqui neste nordeste transmontano. Temos que olhar ao tempo e ao espaço, na sua edificação, nos anos 50, 60, ir a Fátima era uma aventura, as pessoas aqui se encontravam para viver também este testemunho daquilo que foi anunciado pelos pastorinhos”, contextualizou o padre Manuel Ribeiro.

O reitor do Santuário do Imaculado de Coração de Maria salientou que a mensagem de Fátima resume-se em duas palavras, “dois conceitos teológicos: Graça e misericórdia, mas toda ela é um caminho de paz”.

“Aqui é o lugar de paz, nós podemos sentir até o chilrear dos pássaros que parece que nos embala, que nos eleva por um caminho ainda mais belo e maior do que aquilo que estamos habituados a estar e a ser. E temos criado também nesta aldeia um conceito de aldeia mariana, pela dimensão espiritual, mística que este território, mas sobretudo que este espaço, comporta à comunidade”, desenvolveu o sacerdote.

“Este é um lugar de paz. É um lugar de paz, construção da paz individual, pessoal, em que cada um pode encontrar-se com ele próprio, escutar aquilo que Deus tem para dizer, fazer-se caminho também de conversão, mas também é um lugar comunitário, onde trabalhamos a paz.”

Segundo o padre Manuel Ribeiro, as pessoas da aldeia mariana de Cerejais, “são os primeiros” peregrinos e turistas deste santuário, “mas todo este concelho, Alfândega da Fé, a vila em particular, é muito devota”, todo o território, mas “particularmente as paróquias” encontram ali “um lugar especial”.

A responsável pelo setor dos peregrinos e comunicação do santuário acrescentou que os peregrinos são muitos importantes para esta aldeia porque “traz muito movimento, muita vida” a uma aldeia que “não tem ligação com outra, não tem saída”.

Daniela Ochoa destaca que as novas tecnologias e o ambiente digital estão “cada vez mais presente” neste santuário, que “se quer estar presente tem de acompanhar esta evolução”, e explica que o website “está dividido entre o santuário e a Fundação Cónego Manuel Joaquim Ochoa”, têm os códigos QR em cada edifício, “para o peregrino que visita e não tem marcada a visita guiada”, existe um “vídeo promocional, que também tem informação sobre visitas guiadas, contactos, horários das Santas Missas”, na entrada da igreja.

“E temos também um sistema de donativos digital, muito simples de utilizar. Quem não traz dinheiro e quer fazer um donativo pode utilizar o cartão multibanco ou o telemóvel, é só escolher o montante, o ecrã dá-lhe instruções”, salientou a coordenadora do Gabinete de Apoio ao Peregrino e Comunicação do Santuário de Cerejais, adiantando que verificam “que cada vez mais as pessoas aderem”, “há sempre pessoas que gostam ainda de utilizar a moedinha, mas os donativos digitais têm aumentado”.

O Santuário do Imaculado Coração de Maria foi elevado a Santuário Diocesano de Bragança-Miranda a 18 de junho 2017.

 

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Agência ECCLESIA

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