Bragança-Miranda: Palaçoulo abre os braços a novo mosteiro, com forte «alcance espiritual e cultural» (c/vídeo)

Bispo diocesano aponta ao acolhimento de jovens, antes da JMJ 2022

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Palaçoulo, 24 jun 2019 (Ecclesia) – O bispo de Bragança-Miranda presidiu hoje à Missa na igreja de São Miguel de Palaçoulo, antes da bênção do início das obras da Casa de Acolhimento do Mosteiro Trapista, destacando o alcance “espiritual e cultural” deste espaço.

“Palaçoulo foi escolhido por Deus”, referiu D. José Cordeiro, na homilia da celebração.

O responsável transmontano falou do mosteiro das monjas trapistas como lugar de “peregrinação, sobretudo peregrinação interior”, com um forte “alcance espiritual e cultural”.

D. José Cordeiro agradeceu a “generosidade” da paróquia e o “testemunho” das famílias que permitiram chegar aos cerca de 30 hectares que tem o terreno onde vai ser implantado o mosteiro.

“Há tantos sinais, neste caminho, que nos fazem ter esta consciência de que é uma escolha de Deus, um sonho de Deus, uma carícia de Deus”, declarou.

O bispo de Bragança-Miranda destacou o exemplo de uma das religiosas que escolheu viver e “morrer” em Palaçoulo, já com 80 anos, desejando que todas cheguem “depressa”.

Durante as obras, as monjas têm uma casa de apoio à comunidade, em Picote.

D. José Cordeiro recordou que, no sábado, se ficaram a conhecer os temas das próximas JMJ, um triénio que culmina com a edição internacional em Lisboa, em 2022.

“Quem sabe, também, se nós em 2022 não teremos aqui vários grupos de Itália, de outro país qualquer, nas pré-jornadas a caminho de Lisboa”, assumiu.

O responsável destacou que, nas semanas anteriores à edição internacional da JMJ, várias dioceses acolhem participantes, “onde houve capacidade”.

“Tenho muita esperança de que Palaçoulo possa acolher alguns desses grupos, sobretudo por causa da atração do Mosteiro Trapista de Santa Maria, Mãe da Igreja, porque é assim: a vida contagia-se e alarga-se”, disse.

Segundo D. José Cordeiro, esta é uma “aldeia para Deus”, com os materiais do planalto mirandês.

“É uma arquitetura monástica, que não nasceu agora”, prosseguiu.

A irmã Josefina, superiora nomeada para o novo mosteiro, disse à Agência ECCLESIA que a escolha de Portugal, “terra abençoada pelo Senhor e por Maria”, quer ser um “sinal de esperança para a Europa, hoje, para o seu renascimento”.

A religiosa espera que as jovens portuguesas acolham o desafio da vida de clausura, num mosteiro onde as monjas “trabalham, rezam, procuram Deus e tentar viver em comunhão, entre si, como sinal da presença de Deus”.

“É uma vida muito simples”, assinalou.

O padre António Pires, pároco de Palaçoulo, no Concelho de Miranda do Douro, referiu que este é “um dia muito feliz” para a comunidade local.

“Pode parecer um lugar exíguo, mas o mosteiro é mais abrangente que o próprio lugar, será um mosteiro para a região, para a diocese, para o país, mesmo para a Espanha”, observou o sacerdote.

O responsável, que no início da Missa manifestou total “disponibilidade e apoio” às religiosas, assinalou que este mosteiro pode ajudar a travar uma “espécie de burnout espiritual” e reavivar as “raízes cristãs”.

“Hoje sentimos muito um bullying ideológico, de lobbies, que parece esmorecer a identidade cristã”, lamentou.

O padre António Pires, procurador da comunidade monástica em Portugal, saúda um projeto criado entre pessoas que não se conheciam até 23 de novembro de 2016 e que hoje são “cúmplices”, com o apoio da população.

“O mosteiro faz parte da essência da própria Igreja e pode ajudar-nos a nós a encontrar um equilíbrio, porque um mosteiro é um lugar, por excelência, de acolhimento, de oração, de encontro com a Palavra, de trabalho”, aponta.

Artur Nunes, presidente do Município de Miranda do Douro, referiu à ECCLESIA que a localidade acolhe “calorosamente” as religiosas, num trabalho que envolveu várias entidades numa “ótima relação”.

O edil sublinha o “investimento” feito pela comunidade cristã e toda a envolvência que o mosteiro é capaz de gerar.

“Há aqui também um novo conceito, de um turismo associado, de uma produção e de uma visão diferente para o território, da Diocese de Bragança-Miranda, que ganha aqui uma escala nacional e internacional”, realça.

A cerimónia em Palaçoulo, Miranda do Douro, incluiu a bênção litúrgica no começo da obra da Casa de Acolhimento do Mosteiro Trapista de Santa Maria, Mãe da Igreja, comunidade de monjas trapistas, da Ordem Cisterciense da Estrita Observância, ligada ao Mosteiro de Vitorchiano, em Itália.

O anúncio oficial deste projeto aconteceu em outubro de 2017, após vários contactos, na única diocese da Península Ibérica que tem como padroeiro São Bento, continuando assim a tradição beneditina no território transmontano.

25 famílias deram apoio a este projeto, que terá capacidade para acolher cerca de 40 pessoas; a obra será inteiramente suportada pelos fundos próprios da Ordem Cisterciense da Estrita Observância, que conta já com centenas de mosteiros em todo o mundo.

A Ordem Cisterciense da Estrita Observância, também conhecida como Trapista devido à sua origem estar na região francesa de La Trappe, é uma ordem religiosa católica contemplativa composta por mosteiros de monges e mosteiros de monjas.

HM/OC

 

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Agência ECCLESIA

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