Bragança-Miranda: «Estou aqui hoje entre vós, com o sobressalto e a confiança dos enviados» – D. Nuno Almeida

Novo bispo diocesano valorizou as «maravilhas da criação» nordestinas, do fumeiro às encostas do Douro e apontou a uma cultura e espiritualidade sinodais

Bragança, 25 jun 2023 (Ecclesia) – O novo bispo de Bragança-Miranda apontou hoje para uma “cultura e uma espiritualidade sinodais”, valorizou a realização da Jornada Mundial da Juventude e apresentou-se com “o sobressalto e a confiança dos enviados”.

“Estou aqui hoje entre vós, com o sobressalto e a confiança dos enviados. Estou aqui para partirmos juntos, sinodalmente, à procura dos melhores caminhos na escuta recíproca e na atenção ao Espírito Santo”, afirmou D. Nuno Almeida na homilia da Missa de início de ministério pastoral.

D. Nuno Almeida iniciou hoje o ministério como 45º bispo de Bragança-Miranda, valorizando a sinodalidade na Igreja, não apenas a partir de estruturas, mas da espiritualidade e da cultura.

“Temos consciência de que as instituições e estruturas por si só não são suficientes para tornar a Igreja sinodal: são necessárias uma espiritualidade e uma cultura sinodais, animadas por um desejo de conversão ao Evangelho, alimentadas pela Eucaristia e sustentadas por uma formação adequada: integral, inicial e permanente, para todos os membros do Povo de Deus”, afirmou o novo bispo de Bragança-Miranda na homilia da Missa de início de ministério pastoral.

Na celebração que decorreu na catedral de Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida disse que a Igreja, para ser sinodal, é necessário ser uma Igreja “do encontro e do diálogo, que escuta e procura ser humilde”, sabendo “pedir perdão”.

Ser “aberta, acolhedora”, que “abraça a todos”, que “sabe propor e anunciar, respeitosamente, caminhos novos a partir do Evangelho, numa compreensão sempre mais profunda da relação entre o amor e a verdade” são outras caraterísticas da Igreja sinodal.

Na homilia da Missa de início do ministério pastoral em Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida lembrou que a “Igreja sinodal se funda no reconhecimento da dignidade comum derivada do Batismo” e apontou como vias “pastoralmente prioritárias” as que têm por referência o sacramento da Eucaristia.

“São, pastoralmente prioritárias, as vias que conduzam pessoas, famílias e comunidades a viver unidas a partir da celebração do sacramento da Eucaristia, fonte de graça e força para uma vida espiritual autêntica”, afirmou

D. Nuno Almeida indicou como “necessidade pastoral” nos tempos atuais “colocar o Evangelho em diálogo com a vida concreta e com a cultura”, relacionando-o com os “problemas reais”, para “pensar, sentir e agir” nesse enquadramento.

“Tudo isto implica, antes de mais, suscitar sede e encanto pela luz, pela força e pela alegria do Evangelho”, afirmou.

No contexto da Jornada Mundial da Juventude, D. Nuno Almeida desejou que os jovens se deixem “contagiar” por uma “grande afeição pelo Evangelho” e desafiou ao seu anúncio a quem está perto “até chegar aos confins do mundo”.

Na presença de jovens, de representantes de toda a diocese, autarcas da região, do clero diocesano e de bispos de várias dioceses de Portugal, o novo bispo de Bragança-Miranda referiu-se às “maravilhas da criação” que se descobrem no nordeste transmontado, desde a Albufeira do Azibo ou os Lagos do Sabor, que comparou ao lago da Galileia, às encostas do Douro, o Penedo Durão, a Serra de Nogueira, de Bornes ou de Montesinho.

D. Nuno Almeida disse que as maravilhas da criação mostram-se também na “cor dos outeiros, o cheiro de castanhas assadas e do fumeiro em Vinhais”, as “amendoeiras em flor e oliveiras verdejantes nas encostas do Tua e do Sabor”, a “doçura da fruta do Vale da Vilariça”, as “maçãs que crescem, em Carrazeda de Ansiães” ou “orvalho nas searas do planalto Mirandês”

“Tudo tão belo. Deus convida-nos a ser sábios, a saber ver. É um Deus que convida a apaixonar-nos pela beleza da criação. É uma criação que convida a apaixonar-nos pelo Criador”.

D. Nuno Almeida terminou a homilia da Missa de início de ministério pastoral citando um poema de Miguel Torga, “grande escritor e poeta transmontano”, inspirado no episódio evangélico de Jesus na barca no meio da tempestade e que conclui com a afirmação “O que importa é partir, não é chegar”.

SN/PR

Igreja: Bragança-Miranda recebeu D. Nuno Almeida como 45º bispo diocesano (c/fotos)

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Agência ECCLESIA

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