Bispo eleito lamenta «sede vacante longa», afirma contar com leigos para que padres se centrem «na essência do ministério» e valoriza criação de 18 unidades com reorganização pastoral de 2018
Lisboa, 23 jun 2023 (Ecclesia) – O novo bispo de Bragança-Miranda afirmou que vai assumir esta diocese sem “programa nem nenhum truque escondido”, mas na “disponibilidade de servir a Igreja de forma sinodal”.
“Ser bispo implica, o mais possível, caminhar juntamente com as pessoas, famílias e as comunidades. (Levo) Sobretudo este desejo de rapidamente, a diocese de Bragança-Miranda deixar de ser simplesmente uma via de comunicação ou edifícios que estão construídos para passar a ser feita de rostos, de pessoas, de corações, além de projetos e sonhos. No fundo, este caminho sinodal que implica estarmos juntos, ouvirmo-nos, partilharmos as preocupações e desejos, mas abrirmos o coração ao Espirito Santo, ao que ele nos tem a dizer nesta hora para esta Igreja concreta, no mundo em que vivemos, com tantas incertezas”, referiu D. Nuno Almeida, em entrevista à Agência ECCLESIA.
D. Nuno Almeida foi nomeado bispo de Bragança-Miranda pelo Papa Francisco no passado dia 19 de maio, depois de sete anos e meio como bispo auxiliar de Braga; a entrada solene na diocese está marcada para domingo, às 16h00, numa celebração na Catedral de Bragança.
O novo responsável explica que quando foi contactado pelo núncio apostólico procurou “aproveitar” o tempo “o mais possível” com D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda que o antecedeu, e com D. Delfim Gomes, natural da diocese bragantina, para “fazer comunhão das preocupações e compreender o percurso que a diocese fez”.
D. Nuno Almeida indica ainda que o processo sinodal que a Igreja Católica está a viver – “mais do que produzir textos o Papa Francisco convida ao laboratório” – pede que se realize a experiência da “proximidade”, procurando que leigos possam assumir funções deixando os padres disponíveis para estar “centrados na essência do seu ministério”.
O bispo eleito valoriza a reorganização diocesana, realizada em 2018 pelo seu antecessor, D. José Cordeiro, com a criação de 18 unidades pastorais, reconhecendo que “concretiza uma visão pastoral mais fraterna, corresponsável e mais missionária”.
Não é uma questão organizativa. Abre a possibilidade de as pessoas puderem manter viva a vida comunitária mesmo nas comunidades e paróquias que ficaram quase desertas. Este desafio tem uma circunstância que pode provocar perplexidade quando se mudam ritmos e hábitos, mas é uma oportunidade para uma Igreja mais fraterna, corresponsável e mais missionária”.
A Diocese de Bragança-Miranda encontrava-se em sede vacante desde 3 de dezembro de 2021, data em que D. José Cordeiro foi nomeado arcebispo de Braga; monsenhor Adelino Pais assumiu funções como administrador diocesano desde então.
D. Nuno Almeida lamenta que a sede vacante tenha sido “longa”, mas escusa-se a analisar a demora.
“Demorou o processo. A sede vacante foi longa. Não tenho razão, nem me compete a mim analisar (a demora)”, sublinha.
O novo responsável esclarece, no entanto, que seria importante que o processo fosse mais célere até pela limitação de decisões que a ausência de bispo provoca.
D. Nuno Almeida explica ainda que quando foi contactado por D. Ivo Scapolo pediu “um tempo”, aconselhou-se e, com confiança disse “sim”.
“Não recusei, também não me ofereci, não entreguei o meu currículo ao senhor núncio. nunca me escondi, porque a vida de um bispo auxiliar é permanentemente em contacto com as pessoas. Quando veio o convite procurei pedir algum tempo para colocar o meu coração diante do Senhor, aconselhar-me com quem tem mais experiência e depois disse sim, com confiança, consciente que também vivemos momentos com algumas dificuldades e desafios que implicam o tal trabalho sinodal, o discernimento pastoral em conjunto”, refere.
A entrevista ao novo bispo de Bragança-Miranda vai ser emitida este domingo, pelas 07h30, no Programa ’70×7′ (RTP2) e está também em destaque na emissão do Programa ECCLESIA, pelas 06h00, na Antena 1 da rádio pública.
LS