Bragança-Miranda: D. António José Rafael foi «homem zeloso e pastor dedicado», recorda D. José Cordeiro

Diocese despediu-se do bispo emérito, sepultado na Catedral de Bragança

Fotografia: BLR/SDCS

 

Bragança, 30 jul 2018 (Ecclesia) – O bispo de Bragança-Miranda recordou hoje o “homem zeloso e pastor dedicado” que foi D. António José Rafael, bispo emérito falecido este domingo, aos 92 anos de idade, de quem a diocese se despediu esta tarde.

“No contexto geral, e sobretudo o testemunho dele nos últimos quatro anos no meio de nós, é uma hora de ação de graças e de gratidão, pelo dom da sua vida e do seu ministério episcopal aqui na Diocese de Bragança-Miranda”, referiu D. José Cordeiro à Agência ECCLESIA.

O bispo de Bragança Miranda recordou que “desde pequeno” acompanhou, com o seu “próprio crescimento”, o ministério episcopal de D. António Rafael na diocese transmontana.

“Guardo dele muitas e boas recordações”, realçou o prelado que, em 1979, como “jovem seminarista, muito novo” esteve na entrada solene do 42.º bispo da diocese transmontana.

D. José Cordeiro, que foi ordenado pelo falecido bispo, evoca alguém que “encarnou verdadeiramente a diocese, a cultura e as suas gentes”.

Natural da Diocese de Lamego, D. António Rafael foi para Bragança como bispo auxiliar e “tornou-se verdadeiramente um transmontano” em “todas as suas decisões, ideias, os seus projetos e sonhos que traçou”.

O prelado foi responsável pela projeção da nova Catedral de Bragança, que começou a ser construída em 1981, e foi dedicada a 07 de outubro 2001, no seu último ano à frente da diocese.

“Teve a coragem de levar até ao fim esse projeto e sonho de alguns séculos e torna-lo realidade. É o terceiro bispo da catedral no alinhamento dos seus antecessores, D. Abílio Vaz das Neves e D. Manuel de Jesus Pereira”, desenvolveu D. José Cordeiro.

Fotografia: BLR/SDCS

A Missa exequial foi celebrada na catedral brigantina, a “casa-mãe da diocese”, onde o falecido prelado foi sepultado “como era da sua vontade”, no átrio dos bispos.

“Na despedida da diocese, em 2001, deixou essa frase que hoje recordamos: Até sempre, na nossa catedral para sempre nos encontraremos”, lembrou o atual bispo diocesano.

D. José Cordeiro salienta que D. António José Rafael se inspirou na figura de São Bento, em quem encontrou no seu mote as “grandes linhas de ação”.

O responsável realçou esta dimensão na homilia da celebração exequial.

Diante do seu estilo frontal, lutador e corajoso ninguém ficou indiferente na pastoral da justiça e da paz. Pensava a Europa como um lugar de Paz e de solidariedade olhando ao seu patrono – S. Bento – com o mote ora et labora et lege. Era um entusiasta da Europa, mesmo antes de 1985 e não invocando argumentos económicos, mas culturais. Possuía uma cultura geral invulgar. Transformou as dificuldades em oportunidades”.

Além do empenho da construção na Catedral de Bragança, a homilia de D. José Cordeiro destacou a dimensão social do trabalho episcopal de D. António José Rafael.

“Em 1987, a Diocese já tinha lares da 3ª idade (como se dizia) com o mínimo de condições em Bragança, Miranda, Macedo de Cavaleiros e Mirandela. Com D. Rafael e também fruto do seu impulso, seguido de D. António Montes Moreira, hoje tem a responsabilidade de mais de 70% das respostas sociais e de justiça entre gerações na Cáritas Diocesana, nas Fundações canónicas, nas Santas Casas da Misericórdia, nos Centros Sociais Paroquiais”, declarou.

O 42.º bispo de Bragança-Miranda nasceu a 11 de novembro de 1925, em Paradinha, Concelho de Moimenta da Beira (Diocese de Lamego); entrou no Seminário de Resende em 1937, tendo sido ordenado presbítero a 22 de agosto de 1948.

Licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade de Salamanca, em 1954, foi nomeado vice-reitor do Seminário de Resende e cónego da Sé de Lamego, diocese na qual exerceu diversas funções pastorais, como delegado diocesano da Comissão Episcopal de Vigilância da Fé e presidente da Comissão Diocesana do Ano Santo e da Comissão dos Centenários.

Em 1976, o Papa Paulo VI nomeou-o bispo auxiliar de Bragança-Miranda, sendo ordenado bispo na Sé de Lamego, em fevereiro de 1977; Foi nomeado bispo da diocese pelo Papa João Paulo II a 1 de março de 1979 e tomou posse a 24 de março.

O presidente da República Portuguesa lamentou a morte de D. António Rafael, bispo emérito de Bragança-Miranda, prestando homenagem a uma “vida longa ao serviço da Igreja, do povo transmontano e dos portugueses”.

Em nota enviada à Agência ECCLESIA, o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa sublinhou os 92 anos “intensamente vividos ao serviço da Igreja, em particular como pastor da Diocese de Bragança-Miranda”.

OC/CB

Notícia atualizada às 17h15

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