D. Nuno Almeida presidiu à celebração de encerramento do Jubileu na diocese e apelou à proteção da família
Bragança, 30 dez 2025 (Ecclesia) – O bispo de Bragança-Miranda alertou este domingo, na Missa do encerramento do Jubileu na diocese, na catedral da cidade, para os casos de violência doméstica no país, exortando a denunciar este crime.
“Estamos perante uma inquietante “epidemia” dos nossos tempos, que a todos responsabiliza: Igreja, Estado e cada um de nós. Se tenho conhecimento de abusos ou violência doméstica não posso ficar indiferente. É preciso avisar as autoridades!”, afirmou D. Nuno Almeida, na homilia da Eucaristia, publicada na rede social Facebook.
Na dia da Festa da Sagrada Família, o bispo referiu que hoje se vive, “mais do que uma crise de família”, uma “crise do relacionamento conjugal entre homem e mulher que, atualmente, enfrenta inéditas e profundas dificuldades”.
Existe sim uma profunda crise do matrimónio. Por exemplo: sintoma eloquente desta crise são as vítimas de violência doméstica. Neste momento mais de 6000 vítimas usam o ‘botão de pânico’ que podem acionar para avisar as autoridades em caso de perigo. Mais de 1000 reclusos encontram-se nas prisões por crimes de violência doméstica”, indicou.
O bispo de Bragança-Miranda apontou ainda que “de janeiro até ao final de setembro de 2025, houve 18 mortos em contexto de violência doméstica, dos quais 16 eram mulheres e dois homens” e que a polícia, neste mesmo período, registou 25.327 ocorrências relativas a este crime, o “valor mais alto dos últimos sete anos”.
Segundo D. Nuno Almeida, a “família é mistério de amor: amor conjugal, maternal, paternal, filial, fraternal, amor dos avós pelos netos e dos netos pelos avós, dos tios pelos sobrinhos, etc”.
“Nada mais constitui, liga, constrói e reconstrói a família senão o amor! É a arte cristã de amar que transforma a fé e o cristianismo, de um facto simplesmente religioso, devoto ou teórico, a que tantas vezes o reduzimos, em aventura quotidiana, transparente, libertadora, feliz e alegre, também e, sobretudo, na vida familiar!”, destacou.
O bispo de Bragança-Miranda apelou a todos que não permitam que a família seja inquinada “pelo veneno do egoísmo, do individualismo, da cultura da indiferença e do descarte, e perca assim o seu ‘DNA’ que é o acolhimento e o espírito de serviço”.
“Vamos todos comprometer-nos (pais, filhos, Igreja, sociedade civil) a apoiar, defender, cuidar e proteger a família. A família que nasce do amor conjugal entre um homem e uma mulher é o nosso grande tesouro!”, pediu.
Convocado pelo Papa Francisco através da bula ‘Spes non confundit’ (A esperança não engana), o Ano Santo iniciou-se a 24 de dezembro de 2024 e encerrou-se este domingo nas dioceses de todo o mundo.
Como grande propósito deste Jubileu comprometamo-nos a tudo fazer para que a Igreja, em todas as suas comunidades, seja família de famílias! Este é sonho de Deus: uma única família humana, todos filhos amados e por isso irmãos, todos família!”, incentivou o bispo diocesano.
D. Nuno Almeida convidou a “contemplar a Sagrada Família — e nela cada família humana — como um verdadeiro laboratório de sinodalidade: um lugar onde se aprende a caminhar juntos, a escutar, a dialogar, a discernir e a decidir em comum: 1. Com a escuta empática; 2. Com o diálogo cordial; 3. Com a comunhão na diversidade”.
“Só é possível construir, artesanalmente, a família quando o ‘nós’ prevalece sobre o ‘eu’, procurando decisões partilhadas, mesmo quando isso exige tempo, escuta, sacrifício e renúncia pessoais”, realçou.
A homilia terminou com uma oração, com Nuno Almeida a pedir pela proteção das famílias.
O 27.º Jubileu ordinário da história da Igreja Católica terá a sua conclusão a 6 de janeiro de 2026, no Vaticano, sob a presidência de Leão XIV, com o fecho da Porta Santa na Basílica de São Pedro.
LJ/OC
