Bispo emérito de Bragança-Miranda diz que «encontro pessoal com Deus» e celebração dos sacramentos «não podem ser acontecimentos sociais»
Bragança, 07 abr 2023 (Ecclesia) – O bispo emérito de Bragança-Miranda convidou hoje a viver um cristianismo verdadeiro, “dentro e fora das quatro paredes da Igreja”.
“Sermos cristãos verdadeiros, no nome e na realidade da vida. Dentro e fora das quatro paredes da igreja. Celebrando aqui os sacramentos e vivendo lá fora segundo critérios cristãos. Sendo os sacramentos encontro pessoal com Deus e momento privilegiado de compromisso cristão, e não apenas nem primeiramente acontecimento social, quanto há que melhorar, entre nós, na celebração e vivência de casamentos, crismas, primeiras comunhões e batismos?”, questionou D. António Montes que preside às celebrações do Tríduo pascal na diocese.
Na homilia da celebração desta Sexta-feira Santa, em que os cristãos celebram a Paixão do Senhor, o bispo emérito criticou o ceticismo religioso e o agnosticismo a que “largos setores da sociedade aderem”, revelador de “refúgio cómodo” que impede a procura da “verdade”.
“Certamente o laborioso itinerário espiritual de muitos não crentes merece respeito e consideração. Mas quantas vezes o agnosticismo é refúgio cómodo que permite instalar-se na dúvida sem atender à obrigação existencial de refletir no sentido da vida: quem somos, donde viemos e para onde vamos? A resposta a estas perguntas basilares vai sendo adiada indefinidamente”, lamentou.
D. António Montes criticou a “ditadura do relativismo” que retira horizonte para a busca da verdade.
“Parece não haver lugar para a pergunta de Pilatos: «Que é a verdade?». Nem talvez haja interesse nem desejo de conhecer a resposta. Opta-se pelo que é considerado correto politicamente, culturalmente ou socialmente”, reconheceu.
O bispo emérito convidou os cristãos a “responderem adequadamente à pergunta «Que é a verdade?», através do “testemunho da verdade de Cristo” com a vida de cada um.
D. António Montes foi bispo da diocese de Bragança-Miranda entre 2001 e 2011, que se encontra atualmente sem bispo designado depois da saída de D. José Cordeiro para a arquidiocese de Braga, em 2021.
Mais tarde, durante a Procissão do Enterro, o bispo emérito assinalou o ato público que, “nas ruas da cidade” fez acompanhar “devotamente, em atitude de recolhimento” a imagem “de Cristo morto”.
“A presença nesta Procissão da réplica da Cruz da Jornada Mundial da Juventude deste ano, em Lisboa, mostra que os nossos jovens querem ter Cristo a orientar a sua vida”, afirmou ainda.
LS
atualizada às 21.32