Catedral vai receber «Pietà» de José Rodrigues e poema inédito de Tolentino Mendonça
Lisboa, 22 ago 2012 (Ecclesia) – O bispo de Bragança-Miranda diz ver “com muita esperança” o diálogo da Igreja Católica em Portugal com o mundo da Cultura, afirmando que esta é uma aposta da diocese transmontana.
“Precisamos muito dos artistas e acredito que eles também precisam da Igreja”, referiu D. José Cordeiro, em declarações publicadas no Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC).
A Catedral de Bragança recebe hoje uma ‘Pietà’ (representação da Virgem Maria com o corpo morto de Jesus nos braços) do escultor José Rodrigues, que vai ser benzida pelo cardeal José Saraiva Martins, numa cerimónia em que vai ser dito um poema inédito do padre Tolentino Mendonça, diretor do SNPC.
D. José Cordeiro considera que a aproximação aos artistas “é o único caminho” para que a Igreja se faça presente no mundo da cultura: “Foi a partir da relação, conhecimento mútuo e estima recíproca com José Rodrigues que nasceu a amizade, e nasceu também esta vontade de, em conjunto, seguirmos o caminho da busca da beleza enquanto itinerário de encontro com Deus”.
A escultura e o poema vão ser revelados na missa evocativa da ‘Virgem Santa Maria, Rainha’ padroeira principal de Bragança e titular da sé local, naquele que para o bispo de Bragança-Miranda vai ser “um momento significativo”.
“A ‘Pietà’ vai sem dúvida marcar não apenas a Catedral de Bragança mas também a arte contemporânea. Eu atrevo-me a dizer que será uma obra-prima do mestre José Rodrigues”, salientou o prelado.
A obra, em bronze, foi concebida ao longo dos últimos nove meses, refere D. José Cordeiro, para quem o objetivo é que o escultor possa “deixar uma marca na catedral”.
Durante a celebração vai ainda ser inaugurado um conjunto de sete vitrais alusivos às sete últimas palavras de Cristo na cruz, igualmente da autoria de José Rodrigues, oriundo da Diocese de Bragança-Miranda.
“[José Rodrigues] dizia-me recentemente que a arte serve para nos aproximarmos de Deus; tenho-me lembrado dele e sobretudo das palavras de Simone Weil, quando diz que a beleza é a ratoeira com a qual mais frequentemente Deus captura as almas dos pescadores. O José Rodrigues é um pescador, está já com uma avançada idade, e este é um canto de louvor e um hino à fé e à beleza na Igreja e no mundo”, apontou o bispo da diocese transmontana.
O prelado adiantou que a pintora Graça Morais, natural da região, “está a pensar uma grande presença na catedral”.
D. José Cordeiro elogiou o “papel relevante” do SNPC e do seu diretor, confirmando a nomeação do padre Calado Rodrigues como referente da Pastoral da Cultura de Bragança-Miranda.
“Queremos potenciar este setor com um secretariado mais alargado que estabeleça um diálogo permanente com os artistas, não só oriundos destas belas terras do nordeste transmontano, e que tenha a ousadia de, a partir de Bragança, criar uma reflexão ao nível da cultura, da arte e da beleza enquanto caminhos essenciais da fé”, sustentou.
SNPC/OC