Coordenadora diocesana teme regresso de cenário de pobreza à região
Braga, 03 abr 2020 (Ecclesia) – A equipa diocesana da Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) em Braga alertou, em mensagem enviada à Agência ECCLESIA, para a situação de crise provocada pela pandemia, com despedimentos e recurso ao lay-off.
“Um numeroso grupo de empresas despediu de imediato todos os trabalhadores com vínculos precários, como temporários, contratados a prazo e a recibo verde, recorrendo, depois o lay-off simplificado, num oportunismo desmedido”, sustenta Fátima Pinto, coordenadora local.
O acesso a este regime está restrito a empregadores com quebra da faturação de, pelo menos, 40%; com paragem total ou parcial da atividade; ou com instalações obrigadas a encerramento total ou parcial.
A LOCT/MTC de Braga, presente sobretudo nas zonas mais industriais, considera que os trabalhadores “lutam contra o desconhecido (Covid-19), em busca da esperança”.
“Um pequeno grupo de empresas e trabalhadores procurou responder no imediato ao despoletar da crise da Covid-19, alterando os seus processos de laboração, para que fosse possível a produção de equipamentos de proteção para os profissionais da saúde e de quem trabalha com idosos, no que diz respeito à confeção de fatos de proteção, viseiras, máscaras, luvas e peças para ventiladores”, reconhece a coordenadora diocesana.
Fátima Pinto alerta, no entanto, que as maiores empresas do distrito de Braga se encontram encerradas, “tendo algumas delas recorrido ao lay-off e outras acordando com os trabalhadores soluções alternativas”.
Com os cortes previstos nas paralisações laborais impostas pela situação do momento, prevê-se que o endividamento das famílias aumente, a pobreza e a miséria imerecida regressem a uma região, que muito tem sofrido com as várias crises e que estava em franco desenvolvimento”.
A responsável da Liga Operária Católica fala em “tempos de incerteza, perplexidade e até alguma angústia” face a uma emergência “sanitária e social”.
“Os trabalhadores precisam do seu salário, seja qual for o contrato, para poderem viver com dignidade. Em tempos de crise, de doença, perda do emprego, o modo de sobrevivência torna-se verdadeiramente duro, injusto e desumano”, escreve Fátima Pinto.
O texto sublinha ainda o impacto nas relações familiares, provocadas por alterações no calendário escolar ou o isolamento dos mais velhos, “que até agora eram a retaguarda de muitas famílias”.
A Equipa Diocesana da LOC/MTC de Braga encerra a mensagem com uma nota de “esperança na construção de um mundo novo, onde a economia deixe de matar e passe a libertar”.
Esta manhã, no Vaticano, o Papa apontou ao pós-pandemia, em particular face às possíveis crises económicas e sociais.
“Há pessoas que começam desde já a pensar no que vem depois: o pós-pandemia. Em todos os problemas que vão chegar: problemas de pobreza, de emprego, de fome. Rezemos por todas as pessoas que ajudam hoje e pensam também no amanhã, para nos ajudar a todos”, disse, antes da Missa a que presidiu na Capela da Casa de Santa Marta.
OC
Covid-19: Prioridade é travar pandemia e «fazer tudo para evitar despedimentos» – LOC/MTC