Iniciativa cruza psicologia, evolucionismo e neurociência em busca de um novo olhar sobre os sentimentos
Braga, 16 Fev (Ecclesia) – Psicologia, evolucionismo e neurociência cruzaram-se nos dias primeiros dias da 19ª semana de estudos teológicos que decorre em Braga, entre 15 e 17 de Fevereiro, tendo por tema central «Gramática dos Afectos».
Esta quarta-feira, num debate em torno da temática «Dores e patologias dos afectos», a psiquiatra Cristina Fabião citou o neurocientista português António Damásio, que distingue “emoções e sentimentos”, sendo que estes últimos seriam “percepções”.
“Os sentimentos podem não ser sentidos pelo próprio e isto vê-se muito”, disse.
Jaime Milheiro, psiquiatra e psicanalista, apresentou, por seu lado, uma definição de “saúde mental” como “a possibilidade de a pessoa se sentir bem consigo, sentir-se bem com os outros e sentir-se bem a fazer a vida”.
“Para isso, tenho de ter adquirido – ninguém nasce com isso – sentimentos absolutamente fundamentais: o sentimento de autonomia, a capacidade de decisão e a responsabilização”, indicou.
O neurologista da Universidade do Minho, João Cerqueira, disse, na sua intervenção, que os sentimentos “se aprendem”, sublinhando a importância da “relação com os outros”.
Responsável pela moderação dos trabalhos desta manhã, o padre João Aguiar, presidente do Conselho de Gerência do Grupo r/com – renascença comunicação multimédia, falou da necessidade de “olhar para o outro como o ponto de encontro com Deus”.
A XIX Semana de Estudos Teológicos é organizada pelo núcleo bracarense da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, decorrendo no Auditório Vita, em Braga.
A conferência de abertura desta iniciativa coube a Isabel Varanda, professora da referida Faculdade, para quem “a evolução da criação conta com um ser ético”.
“A religião vive antecipadamente o deslumbramento diante de uma nova claridade no conhecimento e na odisseia da vida”, acrescentou.
João Duque, também docente da Faculdade de Teologia, afirmou, por sua vez, que a “constituição da identidade pessoal e a percepção da nossa identidade pessoal é impossível sem a relação ao outro sujeito humano”.
Os trabalhos de quinta-feira, dia 17, podem ser acompanhados online, em http://www.livestream.com/auditoriovita
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