Procissões são ponto central num programa religioso de interesse turístico
Braga, 22 mar 2016 (Ecclesia) – A Semana Santa da Arquidiocese de Braga privilegia a força das imagens e da encenação bíblica, nas celebrações, procissões e exposições que compõem o programa, para ajudar as pessoas a entrarem no espirito deste tempo pascal.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o cónego Luís Miguel Rodrigues, presidente da Comissão da Semana Santa, destaca “uma fé que gera cultura, que se faz cultura” através de vários momentos e ao longo dos próximos dias.
“Quem passa por Braga nestes dias percebe um ambiente diferente, propedêutico à proposta de uma transcendência que só Deus pode dar”, frisa o sacerdote.
No programa da arquidiocese minhota para este tempo litúrgico pontificam as procissões, como a “chamada procissão da Burrinha” que vai sair para as ruas na Quarta-feira Santa, pelas 21h30, a partir da igreja de S. Vítor.
Uma tradição que tinha na sua génese salientar “as dores de Nossa Senhora” e em que “a imagem ia em cima de uma burrinha, recordando o tempo em que Maria e a Sagrada Família fugiram para o Egito”, explica o cónego Luís Miguel Rodrigues.
Hoje a procissão tem “uma outra tonalidade”, mais virada para a narração de “toda a história da salvação”.
Segundo o responsável pela comissão organizadora, o facto de o cortejo contar com todo um conjunto de figurantes e de ser à noite dá-lhe uma envolvência “fantástica”.
A Semana Santa de Braga tem uma história de vários séculos e a sua configuração atual continua um modelo que vem pelo menos do século XVI.
Em 2011 foi declarada como um projeto de interesse para o Turismo e dois anos depois foi distinguida com a Medalha Municipal de Mérito – Grau Ouro.
Iniciativas como a já referida Procissão da Burrinha mas também a Procissão do Ecce Homo ou “Senhor da Cana Verde”, na Quinta-feira Santa, e do cortejo do “Enterro do Senhor” na Sexta-feira Santa, “congregam milhares de pessoas, 100 mil, 120 mil, com a maior das facilidades”, realça o cónego Luís Miguel Rodrigues.
Além de apontar para a vivência espiritual das comunidades locais, a Semana Santa de Braga procura também “integrar” todos quantos visitam a região nesta altura.
Nesse sentido, várias celebrações decorrem fora do espaço da Sé local, como a “encenação da descida de Cristo da Cruz” que vai acontecer “na Sexta-feira Santa, ao fim do dia, diante da igreja de Santa Cruz”.
As festividades prosseguem depois no Sábado Santo, com a vigília pascal que assinala a ressurreição de Cristo, e no Domingo de Páscoa que será “um dia para a família” e em que a Igreja Católica minhota cumprirá a tradição do “Compasso”.
Em cada paróquia, os sacerdotes estão convidados a ir de porta em porta a anunciar a Boa Nova de Cristo Ressuscitado.
“É um dia em que a família doméstica e paroquial se ligam e dialogam”, conclui o cónego Luís Miguel Rodrigues.
HM/JCP