Igreja tem «papel importante» na sociedade mas deve apresentar propostas sem «complexos de superioridade», salienta D. Jorge Ortiga
Braga, 19 nov 2012 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, quer que a vida e os escritos dos santos e beatos da arquidiocese sejam mais conhecidos dos fiéis, dado que se tratam de modelos “de ontem e de hoje”.
A arquidiocese tem de “penetrar nos tesouros do seu Próprio dos Santos”, descobrindo “o seu entusiasmo em dar a conhecer Cristo no seu tempo e renovar a Igreja para uma presença na sociedade”, afirmou na homilia da missa a que presidiu este domingo no Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo, em Braga, refere o site diocesano.
“Se devemos conhecer a história e os escritos dos grandes Santos (São Martinho de Dume, São Frutuoso, São Geraldo) não podemos esquecer a nossa devoção aos Beatos (Bartolomeu dos Mártires, Alexandrina de Balasar) assim como aqueles cujo processo está introduzido (padre Abílio G. Correia, frei Bernardo de Vasconcelos, D. António Barroso)”, sublinhou.
Na celebração que marcou o termo da Semana dos Seminários, o também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social frisou que a Igreja Católica tem um “papel importante nos tempos que correm”, embora deva apresentar as suas propostas sem “complexos de superioridade” nem “autoritarismo”.
Referindo-se à realidade atual em Portugal, o prelado disse que “todos reclamam e não se ousa convergir no essencial”, que é a “dimensão económica mas que tem uma razão mais profunda”.
“Houve caminhos percorridos que não deveriam ter sido e importa reequacionar os verdadeiros parâmetros da vida”, sustentou o arcebispo primaz, para quem “a comunhão da razão com a fé gera a sabedoria que está para além de meros conhecimentos humanos”.
A “sabedoria” proposta pelo catolicismo “pode não ter lugar nos areópagos das ideias modernas mas resplandece como luz no firmamento que a todos interpelará”, destacou D. Jorge Ortiga, que defendeu o cruzamento entre a doutrina da Igreja e outras correntes de opinião.
“O confronto com outros pensamentos” é “salutar”, sustentou o prelado, que deu como exemplo a realização do ‘Átrio dos Gentios’, estrutura do Vaticano para a promoção do diálogo entre crentes e não crentes que decorreu esta sexta-feira e sábado em Guimarães e Braga, na arquidiocese bracarense.
O programa das iniciativas ligadas ao Ano da Fé, que os católicos assinalam até 24 de novembro de 2013, pode ter muitas atividades mas os seus resultados serão escassos “se não deixar marcas” na Igreja.
Se a santidade existisse entre os católicos, “muitos problemas, internos e externos, deixariam de existir e, ao mesmo tempo, a Igreja daria ao mundo, de Portugal e da Europa, o que lhe falta: uma alma”, vincou.
O prelado salientou também que o Seminário deve aliar a “profundidade intelectual” à sabedoria e frisou que os católicos devem apresentar-se à sociedade “não com a doutrina dos mestres mas com a transparência dos testemunhos numa atitude de quem ensina”.
RJM